Quando se defendeu em 2009 a experiência de novos modelos de jornalismo

“Eu sei que o jornalismo digital se quer gratuito. Eu sei que a opinião passou a estar disponível em milhares de ‘blogs’. Eu sei que a relação entre jornais ‘online’ e agregadores de notícias tem de ser revista. Tudo isto é verdade”, apontou Simon. “Mas sei, igualmente, que, caso não apliquemos medidas radicais, iremos prejudicar o jornalismo a nível local e estatal”.
“Não nos basta introduzir ‘meias medidas”, continuou o autor. “Não podemos cobrar, apenas, por meia-dúzia de artigos, oferecendo o acesso as restantes”.
“Ou acreditam no valor dos vossos jornais, ou não acreditam”, sublinhou.
Além disso, Simon disse acreditar que a mudança deveria partir destas instituições jornalísticas. “Se o ‘NYT’ e o ‘WP’ não agirem, ninguém o fará”, afirmou.
Da mesma forma, o articulista defendeu que aqueles jornais deveriam introduzir um novo modelo de negócio de forma simultânea. “Se um destes títulos permanecer gratuito, enquanto o outro introduz uma ‘paywall’, não haverá benefícios reais”.
Simon admitiu que esta poderia ser uma aposta arriscada para alguns jornais, mas não para o “Washington Post” e para o “New York Times”, uma vez que estes jornais contam com reconhecimento global, graças aos seus artigos de “relevância nacional, internacional e cultural”.
Além disso, o autor recordou que esta não seria a primeira vez que os norte-americanos passariam a pagar por um serviço que, em tempos, havia sido gratuito.
Simon destacou, neste sentido, que nos primeiros trinta anos após o seu aparecimento, a televisão não tinha qualquer custo para os utilizadores (após a compra do aparelho, claro está).
Contudo, com o aparecimento dos canais por cabo, os telespectadores não tiveram qualquer problema em pagar, de forma a terem acesso a programas inovadores.
Ou seja, destacou Simon, o “conteúdo é tudo”.
Neste sentido, o autor convidou o “New York Times” e o “Washington Post” a utilizarem o dinheiro dos seus investidores para apostarem em novos formatos de jornalismo, à semelhança do que aconteceu na indústria televisiva, na década de 1970.
“Até que Sulzberger e Weymouth ganhem coragem para o fazer, não consigo imaginar qualquer outro cenário, que não o do estrangulamento do jornalismo”.
“Entretanto, arriscamo-nos a sonhar com um futuro viável das redacções norte-americanas”.
Leia o artigo original em “Columbia Journalism Review”