Como um texto de 2001 foi premonitório da influência da internet no jornalismo
Com a chegada do novo milénio, as redacções norte-americanas começaram, lentamente, a incorporar a internet no seu funcionamento, e a adoptar as suas ferramentas como forma de reforçar as investigações e as reportagens.
Estas mudanças foram, contudo, encaradas com alguma relutância, com certos profissionais “media” a considerarem que a utilização da “web” retirava valor ao trabalho jornalístico.
Aliás, à época, alguns especialistas conseguiram identificar problemas que prevaleceram durante as últimas duas décadas.
Foi esse o caso de Philip Meyer que, na edição de Maio/Junho de 2001 da “Columbia Journalism Review”, falou sobre a sua experiência enquanto um dos pioneiros do “jornalismo assistido por computador”.
A reprodução desta peça no “site” da “CJR” integra um projecto de celebração do 60º aniversário desta publicação que, como forma de assinalar a efeméride, decidiu partilhar alguns dos seus artigos mais emblemáticos, como é o caso.
Quando questionado, em 2001, sobre a influência do computador no “jornalismo de precisão”, Philip Meyer considerou que os profissionais deveriam colocar menos ênfase na utilização desta máquina, para se continuarem a concentrar na essência do jornalismo.
“Os computadores são apenas uma ferramenta”, disse. “Os jornalistas são ingénuos se pensam que a utilização destas máquinas é algo significativo, algo que devemos partilhar com toda a gente”.
Meyer afirmou, por outro lado, que os computadores podiam, por vezes, prejudicar as reportagens, em vez de contribuir para a sua qualidade.
“Os computadores permitem-nos fazer asneira numa maior escala. A título de exemplo, quando o “Kansas City Star” publicou um artigo sobre a incidência de SIDA entre os clérigos, fê-lo comparando estes dados com os da população geral. É preciso notar que todos os padres são homens, e que existe uma maior taxa de morte por SIDA entre o sexo masculino”, destacou.
“O computador é uma óptima ferramenta, mas obriga-nos a pensar como cientistas sociais – temos de saber quando utilizar uma determinada amostra, quando conduzir experiências, e onde aplicar controlo estatístico”.
Dezembro 21
Por isso mesmo, Meyer destacou que os jornalistas deveriam receber outro tipo de formação, focada na matemática e na economia.
“Durante muitos anos, o jornalismo foi um refúgio para aqueles que não gostam de matemática. Contudo, na era da informação, é exigida uma maior capacidade de recolher e analisar dados”.
Perante esta nova realidade, Meyer recomendou que as redacções passassem, ainda, a apostar em reportagens com valor social, para que os “media” se mantivessem relevantes, e a responder às necessidades do público.
Uma sugestão que, nos dias de hoje, continua a ser oportuna.
Para Nicolau Santos, presidente do CA da RTP, é necessário “fazer algo” em relação à RTP3, canal que continua com audiências inferiores às da concorrência. Essa ideia foi...
O The Fix divulgou que uma das principais empresas de media em Montenegro, responsável pelo site de notícias mais visitado e pela estação de televisão mais influente do país, lançou em...
O Nieman Lab analisa um novo relatório do Pew Research Center que revela um crescente cepticismo por parte do público americano relativamente ao impacto da inteligência artificial no jornalismo....
No final de 1964, o jornalista Alberto Dines foi fazer um curso de três meses na Columbia University, em Nova Iorque e, entre outros jornais, esteve no New York Times. Uma das coisas que o...
No tempo que atravessamos, “como imperativo de sobrevivência, ao jornalismo resta reciclar-se”. Mas as questões de fundo desta sua relação com o tempo...
Alberto Dines, sem cujo trabalho pioneiro de crítica dos media no Brasil não existiria o Observatório da Imprensa, dedicou grande parte dos seus 60 anos nesta profissão a...
Decano do jornalismo brasileiro, Alberto Dines foi homenageado no congresso anual da Abraji, associação que reúne os jornalistas de investigação daquele...