A investigação “Bulos e Desinformación”, realizada pela agência noticiosa Servimedia e pelo Estudio de Comunicación, mostra que mais de 60% dos cidadãos e jornalistas inquiridos acreditam que a desinformação e a difusão de “mentiras” aumentaram depois da pandemia, segundo a APM.
A investigação contou com a colaboração da Federação de Associações de Jornalistas de Espanha (FAPE) e teve como objectivo “analisar o impacto das notícias falsas na sociedade e as suas consequências para os meios de comunicação”.
Na apresentação do estudo, no passado dia 9 de Setembro, tornou-se claro que “o trabalho de verificação dos jornalistas é a melhor ferramenta para lutar contra as mentiras e a desinformação”. Este trabalho pode ser visto, também, como uma forma de recuperar a confiança do público nos meios de comunicação tradicionais, principalmente da parte dos mais jovens.
Para 84% dos jornalistas inquiridos, a desinformação e as fake news têm um maior impacto na cidadania quando se referem a questões políticas mas, para 70% da população inquirida, o impacto é maior quando engloba questões sociais.
Para Amancio Fernández, secretário geral da FAPE e vogal da Asociación de la Prensa de Madrid (APM), “se um jornalista tiver ética, teremos a capacidade de lutar contra estas manipulações e embustes”. Assim, o jornalista tem de desempenhar o papel que antes cabia ao editor.
Antonio Caño, membro do Estudio de Comunicación, reforçou a ideia de que “a chave da verificação está no jornalista, ele é o único instrumento necessário para lutar contra as notícias falsas”.
No entanto, Álvaro Nieto, director do jornal digital The Objetive, chamou a atenção para, muitas vezes, os jornalistas serem vítimas das informações manipuladas. Realça, também, que “é importante tentar preservar as estruturas que os meios de comunicação tradicionais tinham, e que sempre garantiram a verificação dos factos”.
Também, Clara Jiménez, fundadora e CEO da Maldita.es, explicou de que forma a verificação dos factos responde aos interesses da sociedade e considerou que “a pandemia trouxe valor à resposta das perguntas que as pessoas queriam. Viu-se que era muito importante responder às dúvidas, como se as vacinas eram ou não eficazes, por exemplo”.
Encarna Samiter, directora do jornal 20 Minutos, referiu que os meios de comunicação e as agências noticiosas são complementares e que ajudam a concentrar a atenção e o interesse do público em geral. Reforçou, também, que é preciso “ir buscar os jovens”, através de assuntos que, para eles, tenham relevância.