Sobre a sua actividade política não esconde o que pensa. “Entendi sempre – disse nessa entrevista - que a vida política deve decorrer da responsabilidade cívica. Recusei uma carreira política porque entendo que a independência de quem está na vida política é muito importante (…) A política profissional tem um terrível inconveniente: a dependência. Nunca me passou pela cabeça ter uma carreira política como profissional, por isso tive sempre a universidade e a carreira de jurisconsulto. Disse que continuava a ser um jurista no activo. É importante para o meu próprio equilíbrio”.


Nascido em Lisboa, a biografia pública de Guilherme d'Oliveira Martins é extensa e invulgar. Licenciado em Direito e mestre em Ciências Jurídico-Económicas, foi assistente na Faculdade de Direito da Universidade de Lisboa, de 1977 a 1985, consultor jurídico dos Ministérios das Finanças e da Indústria e Comércio, entre 1975 e 1986, e director dos Serviços Jurídicos da Direcção-Geral do Tesouro. Foi também professor auxiliar convidado na Universidade Internacional, em Lisboa.


Cedo se interessou pela política, tendo sido membro  fundador da Juventude Social Democrata, logo em 1974, e secretário-geral adjunto do Partido Popular Democrático, sendo líder Francisco Sá Carneiro.


Abandonou o PSD em Abril de 1979, na cisão que deu origem à Acção Social Democrata Independente, acompanhando Joaquim Magalhães Mota, António Sousa Franco, Sérvulo Correia e outros. Iniciava, assim, a sua aproximação ao Partido Socialista.


Em 1980  tomou assento como deputado à Assembleia da República, já eleito pelo PS.


Mais tarde,  envolveu-se na primeira candidatura presidencial de Mário Soares, como membro da Comissão Política e porta-voz do MASP . Com a vitória de Soares foi designado assessor político da Casa Civil do Presidente da República, função que desempenhou até 1991.

Porém, com a chegada de António Guterres ao governo, em 1995, Oliveira Martins foi chamado a ocupar, sucessivamente, os cargos de Secretário de Estado da Administração Educativa,  e de ministro da Educação,  da Presidência e das Finanças.


Foi presidente do Tribunal de Contas, entre 2005 e 2015 e, por inerência, do Conselho de Prevenção da Corrupção. Desde 2003 é professor catedrático convidado da Faculdade de Direito da Universidade Lusíada de Lisboa e, desde 2008, também no Instituto Superior de Ciências Sociais e Políticas da Universidade de Lisboa.


Personalidade profundamente dedicada à cultura, com vasta obra publicada em livro e dispersa em artigos regulares na Imprensa, Guilherme  D´Oliveira Martins assumiu em 2003 a presidência do Centro Nacional de Cultura.


A 9 de outubro de 2015 foi cooptado como membro executivo do Conselho de Administração da Fundação Gulbenkian, sucedendo a Eduardo Marçal Grilo.


Entre outros  cargos de relevo  que exerceu, contam-se os de presidente da SEDES e de vice-presidente da Comissão Nacional da UNESCO.

Foi agraciado com a Medalha de Grande-Oficial Ordem do Infante D. Henrique. É sócio correspondente da Academia das Ciências de Lisboa, membro efectivo da Academia de Marinha e Académico de Mérito da Academia Portuguesa da História. Em 2015, recebeu do Presidente da República, a condecoração, da Grã-Cruz da Ordem Militar de Cristo.


É esta personalidade, com um excepcional currículo, tanto na Cultura como na política, que se envolveu com entusiasmo neste projecto de ciclos de jantares-debate, desde o seu lançamento, que voltaremos   ouvir na Sala da Biblioteca do Grémio Literário, sobre as perspectivas que se deparam para a União Europeia e para Portugal como parte dessa comunidade.