Disse, por exemplo,  segundo relato da Lusa, que a inovação tecnológica está a colidir com “o jornalismo de qualidade” e alertou para o facto de “ nesta sanha persecutória” ser “legítimo interrogarmo-nos sobre se o verdadeiro e último objetivo não é impedir, inviabilizar a existência de jornalismo de qualidade, profissional e independente do poder político”.


Balsemão sente que  “são alucinantes estes tempos que vivemos de inovação tecnológica a proporcionar novas formas de produzir e distribuir conteúdos, de conquistar novos leitores, de procurar novos modelos de negócio, de encontrar novas narrativas e novas formas de comunicar com o leitor que é cada vez mais soberano na escolha da informação que quer, quando quer e como quer”.


Em contrapartida, duvida  que a comunicação social possa controlar ou monitorizar os conteúdos que correm na internet, o que classificou como “pura ilusão que nos lançaria na babel promiscua entre jornalismo e propaganda, informação e pseudo-informação, rumores, insultos, ataques, devassa da vida privada” . E  advertiu: “ E tudo, ou quase tudo, à sombra do anonimato da internet” para questionar logo a seguir: “ Onde iria parar o direito de resposta e retificação? Como poderia o cidadão defender-se e salvar a sua honra?”.


Num discurso escrito,  Balsemão  aproveitou para criticar   a “sanha persecutória contra as empresas de comunicação”, dando como exemplo disso mesmo a legislação “cada vez mais apertada” sobre a transparência da propriedade dos media, assim como a “impunidade” com que as emissões televisivas estrangeiras entram no espaço televisivo português. 


E pormenorizou a sua posição: “Eu sou o primeiro a querer transparência quanto à propriedade dos media, mas não me obriguem a cumprir obrigações que não consigo cumprir – como, por exemplo, quem é o verdadeiro e último proprietário de um fundo estrangeiro que compra, na Bolsa de Lisboa, acções da Impresa. E, sobretudo, não me apliquem coimas de dezenas de milhar de euros, porque não tenho meios nem vocação para partir para as ilhas Cayman, ou outros paraísos fiscais, à descoberta do último dono dessas ações”


Quase a concluir, e depois de reconhecer que os media estão “enfraquecidos”, designadamente,  pela quebra das receitas de publicidade, lembrou que  os problemas e obstáculos que se multiplicam em torno das empresas de comunicação social terão como consequência a “perda da liberdade de imprensa”.


Se tal acontecer, diz, “ é um rude golpe na democracia já de si tão debilitada como o revelam o aparecimento de grupos extremistas de direita ou de esquerda, a xenofobia, o terrorismo, e outros fenómenos ameaçadores da liberdade e da paz”.


Por último, Balsemão  preveniu  que “para sobreviver e se revigorar, a democracia necessita de meios de comunicação social fortes e livres, com redações profissionalizadas”.