Estudo do OberCom aponta para 2024 o “fim apocalíptico” da Imprensa escrita em Portugal

O mesmo estudo reconhece, logo no incício dos “principais resultados a reter”, que estes são “talvez os mais negativos desde o início destes relatórios”.
“A grande maioria das publicações analisadas atinge o seu valor máximo de circulação impressa paga em 2008, no primeiro ano de leitura, com excepção para o Correio da Manhã (2010), jornal i (2009 – quando entrou em circulação), revista Sábado (2009), Diário Económico (2010) e Jornal de Negócios (2009). Contudo, os menores valores de circulação impressa paga registados são obtidos para o último ano de análise (2016), o que mostra que o sector nunca esteve tão frágil em termos de vendas.” (…)
Se estas tendências se mantiverem, falta pouco para o fim. Como reconhece o texto, “fazendo uma projecção de acordo com as tendências de queda para o volume de circulação impressa paga e tiragens, registadas a partir de 2011, e se essa tendência consubstanciada em taxas de variação se mantivesse constante, então o volume de circulação impressa paga atingiria o valor 0 em 2024 e o número de tiragens seria igualmente 0 em 2026”.
A intensificação da produção e consumo da informação em formato digital, na última década em análise, “parece ditar um progressivo declínio da informação impressa”:
“Como nos recorda Steen Steensen, ‘o primeiro contacto com a notícia ocorre hoje mais nas redes socias, do que via distribuidores tradicionais’.”
E o primeiro gráfico incluído no estudo, da evolução da circulação impressa paga (soma das assinaturas + vendas + vendas em bloco), revela uma linha descendente contínua, em que os valores em 2016 (457133) são praticamente metade dos de 2008 (817853). (págs. 12 e 18)
A nota final usa termos fortes para uma previsão em que as tendências verificadas até agora continuem:
“2024 é o ano em que, como referido nas primeiras páginas deste relatório, o valor de circulação impressa paga dos jornais em Portugal, assumindo que a tendência de queda registada entre 2011 e 2016 seja constante, seria igual a zero. Mesmo que este ano seja meramente indicativo do quão avançada é a tendência de queda de venda dos jornais, marcando uma espécie de horizonte demasiado próximo para o fim da Imprensa escrita (7 anos de distância), a verdade é que este poderia ser o ano da derradeira confirmação do fim apocalíptico da Imprensa escrita, tal como vem sendo anunciado desde os primeiros anos do início do milénio.”
(pág. 50 do referido relatório)
O relatório do OberCom, na íntegra, em PDF