Lê-se, no primeiro editorial do jornal, a intenção de situar o jornal no campo do liberalismo, já que se considerava “uma das principais obrigações de um redactor o expor com verdade e franqueza os motivos que aceleraram a gloriosa façanha sucedida no dia 19 do mês passado, dia memorável, em que os macaenses arvoraram o Pavilhão da Liberdade e derrocaram o horrendo colosso do Despotismo, que tantos anos haviam suportado”.

O aparecimento do jornal deu-se numa altura em que Macau era dirigida por um grupo de pessoas que servia apenas os seus interesses pessoais, ligados ao comércio do ópio, único sustento da economia local, refere João Guedes.

A Abelha da China revelou, também, muitos dos “segredos” sobre o Ouvidor, que contribuíram para a “destruição da sua figura”, abalando o seu poder. Assim, o jornal demonstrou o poder da palavra junto dos leitores. Trouxe, ainda, uma “escola e tradição” que permaneceu na imprensa de Macau, as “Cartas ao Director”, onde eram aceites opiniões divergentes.

A posição assumida pelo semanário originou, naturalmente, acusações de “maçons” e “traidores à pátria” por parte dos absolutistas, mas o jornal não se deixou ficar por aí. Após vários anos de revoltas e celebrações, “só o Abelha parecia perfeitamente consciente do seu papel, publicando os textos orientados da ideologia e os inflamados artigos que se destinavam a manter vivo o entusiasmo popular”.

A sobrevivência do jornal revelou algumas dificuldades, já que “encarava de frente” os governantes e os “poderosos” da sociedade. Publicado o número 67, “acabou o sonho”. No dia 27 de Dezembro, traçou-se o fim d’A Abelha da China, e o início das fugas e perseguições aos seus fundadores.

Mais tarde, as máquinas de Frei António voltaram a funcionar, mas as prensas, controladas por Arriaga, não apresentavam mais as opiniões nem as ideias de antigamente. Passou, por isso, a ser publicada a Gazeta de Macau, controlada pela censura e que, gradualmente, foi caminhando para o seu fim, em Dezembro de 1826.