A prática do jornalismo no Afeganistão exige, agora, a imposição de autocensura, enquanto forma de protecção contra o regime Talibã. Quem o diz é um jornalista e advogado afegão, que, em entrevista ao “Observatório da Imprensa”, com o qual o CPI mantém um acordo de parceria, contou a actual realidade mediática do seu país.
Por motivos de segurança, este profissional, nascido na cidade de Ghazni, no sudoeste do Afeganistão, pediu que a sua identidade fosse omitida.
Conforme contou este jornalista ao "Observatório da Imprensa”, a liberdade de imprensa no Afeganistão começou a deteriorar-se no Verão de 2021, quando as tropas norte-americanas abandonaram o país e os talibãs regressaram ao poder.
“Lembro-me de, nessa época, debater o assunto com os meus colegas. Percebemos que poderíamos proteger-nos caso nos mantivéssemos acríticos, evitando cobrir determinados eventos, como os protestos anti-talibã”, recordou o profissional.
“Senti que só tinha duas escolhas: ficar no Afeganistão e praticar a autocensura, ou abandonar o país. Ou optava por um destes caminhos, ou seria morto nas mãos dos talibãs. Por isso, fui-me embora”.
Agora, garante o profissional, a imprensa nacional deixou de criticar o governo.
“O que aparece na imprensa nacional não reflecte totalmente a realidade da sociedade afegã visto que a informação não pode cruzar os limites estabelecidos pelos talibãs”, disse.
Julho 22
Da mesma forma, o jornalismo internacional não consegue espelhar todos os problemas vividos no Afeganistão, por ter dificuldade em entrar em contacto com fontes de informação confiáveis.
“Partindo da minha própria experiência de trabalho na AFP, sei que os jornalistas de agência não conseguem falar com as pessoas certas, ou não estão suficientemente familiarizados com o Afeganistão para compreender o que se passa no país. Portanto, o que mostram é apenas uma pequena parte da realidade”, considerou.
Ainda assim, o jornalista destacou o trabalho desenvolvido pela imprensa internacional na denúncia de casos de misoginia.
Neste momento, destacou aquele profissional, ser-se jornalista no Afeganistão é um caminho cada vez mais perigoso.
Por isso mesmo, o jornalista está, agora, a iniciar um novo capítulo do seu percurso profisisonal.
“Acho que vou começar a escrever para outros ‘media’ ocidentais. Penso que os jornalistas precisam de entender o contexto do seu trabalho. Por isso mesmo, estou a tentar concluir o meu mestrado em antropologia, para aprofundar minha compreensão sobre o Afeganistão e o seu povo. A partir daí, vou começar a escrever com mais conhecimento, com mais paixão e com mais frequência”.
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