Anúncios de emprego nos EUA pedem jornalistas “apaixonados”…
A precariedade da profissão jornalística passou a reflectir-se nos anúncios de emprego, onde os editores pedem aos candidatos “paixão” e espírito de sacrifício.
Esta é a principal conclusão de um estudo publicado na revista “Journalism Studies”, que analisou as mudanças nos anúncios de emprego, entre 2002 e 2017.
Através desta investigação, os académicos escandinavos Carl-Gustav Lindén, Katja Lehtisaari, Mikko Grönlund, and Mikko Villi, aperceberam-se de que os editores começaram a considerar a “paixão pelo jornalismo” como um dos principais requisitos dos seus futuros colaboradores.
“A análise quantitativa mostra que a ‘paixão’ tem vindo a aumentar. Em 2002, apenas apenas 4% dos anúncios de emprego pediam jornalistas "apaixonados". Este valor aumentou para quase 16% em 2013”, pode ler-se no abstracto do estudo.
Contudo, estes dados não reflectem, necessariamente, a realidade presente, uma vez que o sector jornalístico sofreu alterações significativas desde o início da pandemia.
Assim, Joshua Benton decidiu continuar a análise da utilização do termo “paixão” nos anúncios de emprego, recorrendo ao “site” JournalismJobs.com.
Num artigo publicado no “Nieman Lab”, Benton revelou que, durante as duas semanas de análise, em que consultou 293 ofertas de trabalho, mais de 150, ou cerca de 53%, incluíam o termo “jornalistas apaixonados”.
Janeiro 22
Tendo em conta estes dados, Benton considera que os anúncios de emprego reflectem o espírito de sacrifício exigido aos jornalistas da era digital, que passaram a desempenhar novas funções, e a ter de dominar novas ferramentas.
Além disso, continuou Benton, nos Estados Unidos, alguns profissionais foram forçados a mudarem-se para cidades remotas, de forma a conseguir oportunidades de emprego, e a assegurar o funcionamento de publicações comunitárias.
Ademais, perante a digitalização dos “media”, os jornalistas passaram a lidar com o “feedback” constante do seu trabalho, sendo, por vezes, alvo de ameaças de certos leitores insatisfeitos.
Da mesma forma, os jornalistas são incentivados a aceitar salários baixos, em benefício de um bem maior: a sustentabilidade dos “media”.
Perante esta realidade, Benton considera que “paixão” não deveria ser um código para a “capacidade de sofrer durante dez anos, até receber uma proposta aliciante”.
Assim, Benton conclui que este tipo de narrativa está a ser utilizada para romantizar a exaustão e o “burnout”, o que constitui uma receita ideal para construir redacções que não gostam das suas audiências.
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