Tendo em conta estes dados, Benton considera que os anúncios de emprego reflectem o espírito de sacrifício exigido aos jornalistas da era digital, que passaram a desempenhar novas funções, e a ter de dominar novas ferramentas.


Além disso, continuou Benton, nos Estados Unidos, alguns profissionais foram forçados a mudarem-se para cidades remotas, de forma a conseguir oportunidades de emprego, e a assegurar o funcionamento de publicações comunitárias.


Ademais, perante a digitalização dos “media”, os jornalistas passaram a lidar com o “feedback” constante do seu trabalho, sendo, por vezes, alvo de ameaças de certos leitores insatisfeitos.


Da mesma forma, os jornalistas são incentivados a aceitar salários baixos, em benefício de um bem maior: a sustentabilidade dos “media”.


Perante esta realidade, Benton considera que “paixão” não deveria ser um código para a “capacidade de sofrer durante dez anos, até receber uma proposta aliciante”.


Assim, Benton conclui que este tipo de narrativa está a ser utilizada para romantizar a exaustão e o “burnout”, o que constitui uma receita ideal para construir redacções que não gostam das suas audiências.


Leia o artigo original em “Nieman Lab”