A transformação digital dos “media” e os vários modelos utilizados
Os media estão, actualmente, a passar por uma transformação digital, mudança que ganhou mais balanço após a pandemia ter “acelerado a quebra da circulação e publicidade das edições impressas” e a invasão russa da Ucrânia ter “disparado os preços da tinta e do papel”.
Apesar de não existir um modelo específico para a transformação dos media, o director do Evoca Media, Pepe Cerezo, sublinhou que são essenciais três “pilares” para “estabelecer uma estratégia de negócios digitais”, nomeadamente, inovação e adaptação, diversificação, e hibridização.
Estes três elementos implicam que as fontes de receita devem ser obtidas a partir de diversas fontes (assinaturas, publicidade, lojas online), utilizando modelos que se adaptam a diferentes públicos e mercados e que respondem às necessidades e aos hábitos de consumo dos utilizadores.
O aumento da publicidade digital, uma das maiores fontes de receita, hoje em dia, tem vindo a desacelerar, devido, em parte, à mudança a que esta foi sujeita, causada pela “pelo desaparecimento dos cookies de terceiros”.
A falta de cookies de terceiros torna mais difícil aspectos como a criação de perfis de utilizadores, a sua monotorização e a adaptação às suas necessidades, implicando que as empresas devem desenvolver um “relacionamento individual com os utilizadores” para recolher esses dados.
Existe, também, a opção de utilizar “tecnologia baseada na recolha, armazenamento e análise de cookies”, que permite adaptar a publicidade aos hábitos do utilizador, baseando-se, por exemplo, no seu histórico de navegação, pesquisas, compras anteriores e links clicados.
Novembro 22
No entanto, tem vindo a ser demonstrado que a maior parte dos consumidores prefere “receber publicidade contextualizada com o conteúdo que estão a ver, em vez de serem impactados por anúncios baseados no seu histórico de navegação”.
Cerezo destacou, igualmente, os modelos de assinaturas como boas fontes de receita, fenómeno que teve sucesso durante grandes acontecimentos, como nos casos do Brexit e da pandemia provocada pela Covid-19.
Note-se que este modelo se estende para lá dos jornais e revistas, verificando-se que as plataformas de streaming (como a Netflix ou a HBO) têm tido sucesso com a utilização de assinaturas. No entanto, existe, também, uma quebra no aumento de assinantes, o que aponta para a “falta de lealdade do utilizador”.
O director do Evoca Media confessou, assim, que existe uma necessidade de não só adquirir novos utilizadores, mas também de retê-los, sendo crucial que os modelos de assinatura dos media evoluam.
Além dos modelos de assinatura, que Cerezo acredita serem o futuro das receitas dos meios de comunicação, são usadas outras estratégias, como novos ambientes e plataformas, que permitem comunicar directamente com o público, e novos ecossistemas e plataformas criptográficas, como os marketplaces NFT, o metaverso ou o blockchain.
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