O Faktograf e o International Press Institute (IPI) publicaram um guia para ajudar os jornalistas, fact-checkers e investigadores a detectar campanhas de propaganda que usem informação falsa e difamatória.

Este recurso, intitulado Guia para descodificar a desinformação (Guide to Decoding Disinformation, no original), resulta de 18 meses de investigação sobre campanhas de desinformação contra o sector dos media.

O guia consiste numa sequência de passos que permite identificar as técnicas e os procedimentos por detrás de campanhas especialmente orientadas para minar a credibilidade de coberturas jornalísticas sérias.

“À medida que surgem novas tecnologias, a cartilha da desinformação” ainda recorre a “tácticas e narrativas comuns”, disse Tajana Broz, coordenadora no site de verificação de factos croata Faktograf.

Embora não possam ser tomadas como uma “receita”, estas linhas de orientação são um “ponto de partida para identificar os componentes principais das campanhas que têm como alvo os jornalistas e a sua credibilidade”, disse Javier Luque, director de comunicações digitais no IPI.

Estes são os passos-chave apresentados no guia:

Perceber o contexto

  • Compreender se as campanhas reflectem estratégias mais amplas de desinformação e qual é o contexto político e social;
  • Estar atento a acontecimentos relevantes no período em que surgem as campanhas;
  • Perceber quais são as publicações normalmente envolvidas em disseminação da desinformação.

Analisar a cronologia, as plataformas e os métodos de disseminação

  • Registar com pormenor a cronologia das campanhas de desinformação, anotando os principais acontecimentos, para perceber o circuito de partilha da informação;
  • Identificar os canais e as plataformas em que as campanhas são partilhadas;
  • Registar os elementos mais usados para a disseminação da desinformação, tais como hashtags, memes, deepfakes, etc.
  • Arquivar os URL que ilustram as falsas narrativas.

Identificar os actores envolvidos

  • Descrever os actores mais influentes na campanha de desinformação;
  • Verificar as características e os proprietários dos meios de comunicação social que mais fazem cobertura e ampliam as mensagens partilhadas nessas campanhas;
  • Fazer uma análise das redes sociais para perceber as conexões entre os actores envolvidos.

Identificar as narrativas

  • Fazer uma análise de conteúdo das publicações nas redes sociais, nos artigos noticiosos e nos comentários públicos;
  • Assinalar o vocabulário usado, com especial atenção para neologismos;
  • Fazer um mapeamento destes termos (ver ferramentas metodológicas no guia).

O Guia para descodificar a desinformação está disponível online e faz parte da iniciativa Decoding the disinformation Playbook of Populism in Europe, financiada pelo European Media and Information Fund, gerido pela Fundação Calouste Gulbenkian e o European University Institute.

(Créditos da imagem: pch.vector no Freepik)