Há alguma explicação para esta explosão de jornais digitais? Há espaço para todos? O custo de lançamento de um jornal digital é muito baixo e, por outro lado, são muitos os jornalistas veteranos que ficaram sem trabalho. Alguns deles, como poderemos ver, acabam por lançar o seu próprio jornal.

Há projectos que juntam pouco mais de quatro ou cinco jornalistas e poucos são os que passam dos 50. Cada um procurou um modelo de financiamento diferente e os que foram mais inovadores estão a ter menos problemas para se manter.

Mas há uma realidade: há cinco anos que um jornal digital não dava dinheiro. Mas agora não é assim. Além disso, logram ter muita influência nas redes sociais, quando publicam exclusivos e ganham assim ainda mais leitores e assinantes.

El Diário.es, por exemplo, conta com meio milhão de leitores diários e é o segundo jornal digital mais lido em Espanha. Dirigido por Ignacio Escolar, ex-director de Público, optou por um modelo de financiamento que garantisse a sua independência. Entre a redacção e a administração controlam  70% do capital. O conteúdo do jornal é em aberto, mas tem exclusivos para os seus 20 mil assinantes que pagam um mínimo de 60 euros por ano.

El Español, dirigido pelo ex-director de El Mundo, Pedro J. Ramírez, foi outro dos que mais inovou com uma campanha de crowdfunding de sucesso. Além do investimento de Pedro J. Ramírez, ele conta igualmente com subscritores que conseguem ver um produto mais completo e conteúdos exclusivos.

Este modelo misto de um produto em aberto e uma parte reservada a assinantes parece ser o que melhor funciona em Espanha, porque está comprovado que os espanhóis não estão dispostos a pagar para ler a informação na Internet. Foi o caso de El País, que durante alguns meses teve o conteúdo fechado para subscritores e nesse período acabou por perder leitores que foram para a concorrência, caso do El Mundo. A sua estratégia correu mal.


Novos projectos

Dirigido por outro ex-director de El Mundo, Casimiro García-Abadillo, El Independiente é a nova aposta online, que conta com o apoio de  Fernando Mas (ex-jornalista de El Mundo e El Español) e da veterana Victoria Prego. Curiosamente, mais um ex-director de El Mundo, David Jiménez, que abandonou o jornal no passado mês de Junho, por decisão da administração, está igualmente a desenhar um jornal digital para Espanha e América Latina.

Neste caso, a ideia ainda é preliminar e está na fase de procura de investidores. Caso o jornal venha a ser uma realidade, os últimos três directores do El Mundo estariam a concorrer no mercado digital, cada um a dirigir o seu próprio jornal.

O que vai passar-se com a imprensa escrita? Continua a ser uma incógnita, mas quem já passou para o lado do digital acredita que, antes ou depois, os jornais em papel deixarão de sair ou ficarão reduzidos a um semanário. Será tudo uma questão de tempo.