Na realidade Ian Graham foi o “ovo de colombo” que revolucionou o clube – sem ter os recursos financeiros de equipas como o Real Madrid, o Manchester City ou o Barcelona, o Liverpool socorreu-se da ciência como alavanca para o seu desenvolvimento.

É uma nova atitude que está a despertar a curiosidade em todo o mundo e a revolucionar o desporto. Pela mão de Graham, um físico formado na Universidade de Cambridge, a “big data” saltou para o meio do relvado e o resultado é surpreendente.

O método desenvolvido por Graham permite estudar o comportamento de jogadores, analisar o seu potencial e ajudar a direcção do Liverpool a tomar decisões.

Não há contratações sem o parecer de Ian Graham, e foi ele aliás a peça decisiva na contratação do treinador, mas também de jogadores como Naby Keita, um guineense que se destacou no campeonato austríaco, onde a sua performance foi estudada pelo cientista do Liverpool.

A relação de Graham com o treinador é curiosa. Pouco depois de chegar ao Liverpool, Jurgen Klopp conheceu pessoalmente o director de pesquisa do clube, que foi quem tinha recomendado a contratação de Klopp.

Graham mostrou-lhe então uma série de dados do Borussia Dortmund, o anterior clube de Klopp. Jogo por jogo Graham mostrou um olhar alternativo sobre as estatísticas dos jogos – até de um desafio em que o Dortmund perdeu por dois a zero, apesar de ter dominado o jogo do princípio ao fim.

Graham não tinha assistido ao jogo, limitou-se a compilar e estudar dados do Borussia e os números analisados mostravam que o estilo de futebol de Klopp era adequado ao que o Liverpool queria implementar na equipa. Foi com esses dados que Graham convenceu os dirigentes do Liverpool a contratarem Klopp e Graham ficou o seu braço direito.

O físico especializou-se ao longo dos anos na análise de dados de jogadores e conta com uma base de dados de milhares de futebolistas de todo o mundo. Aqueles que mais se destacam são recomendados e alguns, como Keita, acabam contratados pela equipa.

Outro caso é o que envolve a contratação de Mohamed Sala que Graham achou que se complementava com o brasileiro Roberto Firmino. O entendimento entre os dois jogadores levou a que  Salah marcasse 32 golos no campeonato inglês.

A análise permite também definir a táctica de jogo. Graham provou que o lado direito do ataque do Liverpool fazia mais golos com cruzamento na área do que o lado esquerdo, levando Klopp a adequar  a forma de jogo, que transmitiu à equipa.

O técnico alemão tem o cuidado de não inundar o balneário com estatísticas, mas explica a conclusão a que chegou e as mudanças que acha adequadas. E tem dado resultado.

 

 O que é o “digital day”?

 

Uma iniciativa pouco conhecida da União Europeia é o Digital Day, que este ano decorreu em meados de Abril.

Trata-se de um evento que tem por objectivo conjugar esforços e recursos os estados membros da União Europeia para acelerar o desenvolvimento digital em áreas chave que possam permitir obter benefícios visíveis à economia e à sociedade e Portugal é um dos países aderentes.

Em anos anteriores o Digital Day lançou iniciativas de cooperação em áreas como a supercomputação, a condução automatizada, a indústria digital, Inteligência Artificial, aplicações à área da saúde e blockchain, uma tecnologia de segurança.

Este ano os destaques foram para a recomendação de guidelines éticas no sector da inteligência artificial, para a cooperação na digitalização do património histórico dos países da CE e para iniciativas de digitalização da agricultura e em áreas rurais e também promover maior participação das mulheres na digitalização da sociedade.

 

Uma nova forma de ter acesso a conteúdos fechados

 

A revista Wired, que pertence à Condé Nast,  um dos maiores grupos editoriais especializado em revistas de prestígio, lançou no passado dia um  de Junho uma nova forma de acesso a conteúdos fechados, reservados até aqui a assinantes.

Ao longo do último ano a Wired conseguiu aumentar o número de assinantes digitais em 100 mil, o que transformou a paywall da revista num êxito.

Agora a Wired decidiu trabalhar em conjunto com anunciantes na área do recrutamento de novos assinantes.

A primeira experiência aconteceu com a We Transfer. Normalmente os leitores não assinantes têm direito a quatro artigos por mês – agora podem ler um quinto artigo, com o patrocínio do sistema de partilha de ficheiros We Transfer.

Para a Wired esta campanha tem um duplo efeito: aumentar as receitas da publicidade e fomentar novos assinantes – a revista provou que os leitores que atingem repetidamente o limite de artigos acabam por se tornar assinantes e espera aumentar o número em mais 140 mil subscritores em 2019.

Quanto à We Transfer, esta é a sua primeira grande campanha publicitária e a escolha recaiu numa revista conhecida por ser uma espécie de bíblia da informação sobre o mundo digital.

Antes da Wired já o Washington Post tinha permitido que anunciantes patrocinassem o acesso a conteúdos pagos, um movimento que está a ser pensado até por canais de subscrição de video.

 

( Publicado originalmente no Executive Digest )