A crise dos “media” soma e segue…
O panorama dos media em Portugal, na versão descrita no Portal da Transparência da ERC, conforme foi divulgado, é um aflitivo somatório de prejuízos com muitos zeros, do qual são raros os que se salvam.
A imprensa está de rastos, com poucas excepções — como se observa, também, no ultimo relatório da APCT, Associação Portuguesa de Controlo de Tiragens —, as televisões convencionais enfrentam a concorrência do “streaming” e das grandes plataformas digitais, em conteúdos e publicidade, e as rádios sobrevivem a “balões de oxigénio”, com futuro incerto.
Alguns jornais ainda conseguem compensar as quebras acentuadas na circulação paga com as assinaturas nas versões digitais. Outros nem isso.
De um modo geral, uma boa parte das empresas jornalísticas sobrevive à sombra de generosos mecenas, que cobrem os seus défices anuais — pouco inocentes nos objectivos —, ou, pior, de expedientes vários que as colocam à mercê de empresários com poucos escrúpulos, ou dos favores de Bancos, da Segurança Social ou de fornecedores. Tudo muito precário.
Perante este estado de coisas, a ERC publicou um documento com uma reflexão estratégica para apoio do sector da comunicação social e, supostamente, para resgatar os media da decadência anunciada.
E o governo também não quis ficar-se atrás e prometeu ser “proactivo” e estar a preparar um Plano de Acção para enfrentar a crise, envolvendo a revisão à lei, o reforço de meios, e o alargamento de competências da entidade reguladora.
De concreto, porém, o único passo dado foi a aquisição de parte da Lusa que estava nas mãos de privados, sem se perceberem as vantagens, pois o Estado já dispunha da maioria do capital da agência.
Com promessas genéricas, que não resolvem o dramático problema de tesouraria, alguns media mudaram, entretanto, de proprietário como quem muda de camisa, e não é menor a “dança de cadeiras” entre os responsáveis editoriais.
Contas feitas, e embora sejam frequentemente nomeados como um “pilar da democracia”, os media, escritos e audiovisuais, lutam pela sobrevivência, enquanto as plataformas digitais e as redes sociais prosperam, e a ficção do “jornalismo do cidadão” é exercida a eito.
Um triste e deprimente panorama.