A crise da Imprensa escrita
O declínio da Imprensa escrita em Portugal tem-se acentuado de uma forma vertiginosa, afectando tanto os jornais generalistas como os especializados - incluindo os desportivos - e as diversas revistas, com raras excepções.
Mesmo a Imprensa regional, que se supunha ancorada em leitores fiéis, tem vindo a perder circulação, e, nalguns casos, a fechar as portas, por absoluta impossibilidade de honrar os seus compromissos, com tiragens e publicidade residuais.
As notícias mais recentes dão-nos conta de um panorama sombrio, com falências à vista, até de empresas supostamente folgadas, sem que se vislumbre uma terapêutica robusta para inverter este plano inclinado.
Dir-se-á que o problema não é exclusivamente nosso e que não faltam exemplos além-fronteiras a demonstrarem que a crise não é apenas portuguesa.
O pior é que por cá sempre se leu pouco, e à medida que as televisões se multiplicaram e evoluíram tecnologicamente, passaram a ser a informação dominante, embora também estas estejam a perder terreno a favor da internet e das chamadas redes sociais.
Que fazer então?
Ninguém terá a solução mágica para devolver à Imprensa o papel que já teve, nem será expectável que o leitor aguarde, ansiosamente, como dantes, a saída do seu jornal para se inteirar das últimas e sentir-se informado.
Mas convinha, desde já, que os responsáveis editoriais saíssem da “bolha” onde há muito se acantonaram e se aproximassem dos verdadeiros problemas das populações, sem preconceitos ideológicos nem obediências a modas de ocasião, sejam as políticas ou as identificadas com o catecismo do wokismo.
Seria importante que o jornalismo se afirmasse pelo rigor e pela objectividade, em vez de afundar-se num aflitivo mimetismo, influenciado por tendências supostamente dominantes.
Seria útil observar, de vez em quando, como estão a reagir os grandes jornais americanos ou europeus, agilizando estruturas e lançando novas iniciativas para captar leitores e assinantes, no reforço da sua independência financeira e editorial.
Em contrapartida, por aqui olha-se para o Estado como derradeiro amparo para manter a porta aberta, sem se desistir, no entanto, de um jornalismo temperado de “causas”, mais militante do que profissionalmente defensável. Os resultados são desastrosos. Mas insiste-se no erro. As vendas e as audiências emagrecem, enquanto parece acreditar-se na divina providência para equilibrar as contas. E a inércia nunca foi boa conselheira…