Os níveis de impunidade relativamente a ataques a jornalistas continuam “muito altos” e os países devem comprometer-se a lutar contra este fenómeno, referiu a UNESCO, no passado dia 2 de Novembro, data em que se assinalou o Dia Internacional pelo Fim da Impunidade dos Crimes contra Jornalistas.

Segundo um relatório recente da UNESCO, que se encontra disponível online, 85% dos assassinatos de jornalistas registados pela organização desde 2006 ainda se encontram por resolver.

Embora haja “uma tendência de melhoria — a taxa era de 89% há seis anos e de 95% há 12 anos —, os Estados devem aumentar significativamente os seus esforços para impedir os crimes contra jornalistas”, lê-se no comunicado de divulgação do relatório.

“Em 2022 e 2023, foi morto um jornalista a cada quatro dias simplesmente por fazer o seu trabalho de busca pela verdade. Na grande maioria destes casos, ninguém será responsabilizado. Apelo a todos os nossos Estados-membros para que façam mais para garantir que estes crimes nunca ficam impunes. Processar e condenar os agressores é uma importante alavanca para prevenir futuros ataques a jornalistas”, afirmou Audrey Azoulay, directora-geral da UNESCO, citada no comunicado.

De acordo com o relatório desta organização, em 2022 e 2023, foram mortos 162 jornalistas, tendo a maior parte ocorrido em países em situação de conflito armado. Noutros casos, os jornalistas encontravam-se a fazer a cobertura de protestos ou de casos de crime organizado e corrupção.

Desde o início deste registo pela UNESCO, em 2006, apenas 210 casos foram considerados resolvidos, num tempo de espera médio de quatro anos.

A fim de contribuir para o combate à impunidade e à violência contra jornalistas, a UNESCO lançou uma campanha de sensibilização em todo o mundo (“Há uma história por trás da história”), bem como um Repositório Global de Mecanismos Nacionais de Segurança para Jornalistas.

A organização vai, ainda, publicar um guia, em parceria com a International Women’s Media Foundation, para psicólogos que trabalhem com jornalistas em situações de emergência.

A UNESCO, organização das Nações Unidas para a Educação, Ciência e Cultura, conta com 194 Estados-membros e procura “contribuir para a paz e segurança através de colaborações multilaterais na área da educação, ciência, cultura, comunicação e informação”.

(Créditos da imagem: Corte da capa do relatório da UNESCO)