Concorrência entre gigantes do “streaming” instala-se em Africa
As plataformas de vídeo estão a multiplicar as parcerias com estúdios de produção e cineastas africanos. O serviço Prime Video, do Grupo Amazon, anunciou o lançamento, do primeiro filme original africano da plataforma, Gangs of Lagos.
O thriller dirigido pela nigeriana Jadesola Osiberu demonstra "o compromisso contínuo com a televisão local e a indústria cinematográfica", afirmou Ned Mitchell, chefe de programas originais para África e Oriente Médio do serviço, revelou o Monde.
Assim como o Gangs of Lagos, as “histórias africanas”, disponíveis em filmes, séries ou shows, estão a florescer nas plataformas de vídeo (VOD). Esta nova oferta é direccionada para a conquista de novos assinantes em África.
O continente com uma população em rápido crescimento e cada vez mais conectada à Internet, tornou-se num novo campo de forte concorrência entre os gigantes de streaming.
“Os mercados tradicionais na América do Norte e da Europa estão saturados. Por outro lado, a África ainda está inexplorada”, afirma Sipho Fakela, consultor de media sul-africano.
“A taxa de penetração dos serviços de assinatura em África, foi em média um pouco mais de 2% dos domicílios, em 2022, em comparação com 71% na América do Norte, e 52% na Europa Ocidental, o que representa um espaço para expansão importante se as emissoras conseguirem adaptar as suas estratégias ao mercado africano”, acrescenta Sam Young, analista da empresa de pesquisa Ampere Analysis, com sede em Londres.
Segundo esta empresa, o mercado africano de VOD deverá atingir os 12,8 milhões de assinantes até ao final de 2027, gerando mais de mil milhões de dólares em receitas, três vezes mais do que em 2022.
Além da Amazon e principalmente da Netflix, que está implantada em África desde 2016, o Disney+ foi lançado na África do Sul e em vários países do norte da África em 2022. Os líderes mundiais enfrentam a concorrência da sul-africana Showmax, propriedade do Grupo Multichoice, presente em cerca de quarenta países africanos, ou do Canal + e da sua plataforma MyCanal, muito desenvolvida na África francófona. Actores que apostam há anos na produção africana.
Nos últimos quinze meses, o Prime Video assinou acordos de licenciamento plurianuais com os estúdios nigerianos Inkblot e Anthill, apostando na vitalidade da indústria cinematográfica local, Nollywood, para expandir a sua oferta. O serviço da Amazon segue os passos da Netflix, que há três anos multiplica as parcerias com produtoras e cineastas africanas e tem, segundo algumas estimativas, entre 2,5 e 3 milhões de assinantes no continente.