Agravaram-se os atentados à liberdade de imprensa

O Relatório de Monitorização 2024, divulgado pelo Media Freedom Rapid Response, analisa a situação da liberdade de imprensa em 35 países europeus. Entre Janeiro e Dezembro do ano passado, foram documentadas 1548 violações à liberdade de imprensa, afectando 2567 pessoas ou entidades ligadas aos media.
Os valores representam um “aumento alarmante” em comparação com as 1153 ocorrências registadas em 2023. “Os ataques jurídicos contra jornalistas também aumentaram em 2024, com 319 casos que afectaram 556 profissionais ou entidades da comunicação social. A censura e a interferência escalaram, passando de 23,7% em 2023 para 35,6% em 2024, especialmente em reportagens sobre ambiente e eleições, com 69 violações associadas ao jornalismo ambiental e 206 à cobertura eleitoral”, lê-se no relatório.
Uma outra preocupação é a violência física, com 266 ataques documentados, dos quais 117 resultaram em ferimentos. Na Ucrânia, foram registadas 141 violações à liberdade de imprensa, “com a infraestrutura dos media a ser frequentemente alvo de ciberataques e ataques de negação de serviço (DDoS)”.
O uso de deep fakes gerados por inteligência artificial (IA) e cybersquatting tem vindo a crescer, com 37 incidentes documentados. A maioria dos envolvidos (83,8%) não foi identificada.
“Os ataques online foram os mais frequentes, com 359 casos registados, incluindo assédio online e ameaças de morte, além de ataques de hacking e DDoS. Manifestações e protestos também foram ambientes perigosos para jornalistas, com 271 incidentes registados, sendo que, em 51% desses casos, jornalistas foram atacados fisicamente, frequentemente pela polícia ou forças de segurança do Estado”.
Em 2024, os jornalistas enfrentaram problemas como campanhas de difamação, websites disfarçados de meios de comunicação legítimos, obstrução e ataques durante reportagens. As ameaças verbais, agressões físicas, ataques à propriedade, censura e ameaças legais também aumentaram.
Os indivíduos privados foram os principais responsáveis pelas violações da liberdade de imprensa, com 467 casos documentados. Já as autoridades públicas e entidades governamentais foram responsáveis por 256 violações, reflectindo uma “crescente hostilidade”. O bloqueio à actividade jornalística foi a violação mais frequente da liberdade de imprensa na União Europeia: um em cada quatro jornalistas foram impedidos de entrar em eventos, de receber informações ou sofreram interferências editoriais.
(Créditos da imagem: vectorjuice no Freepik)