Por vezes, os visitantes de um site noticioso querem apenas ler um artigo, mas, para terem acesso ao seu conteúdo, precisam de pagar um plano de assinatura ou, pelo menos, de se inscrever para um período experimental.

Estas barreiras afastam o público, que, muitas vezes, desiste de ler o artigo e não regressa.

Na Suécia surgiu uma nova plataforma, Sesamy, que pretende ajudar a resolver este problema, permitindo aos utilizadores que paguem apenas pelos conteúdos específicos que querem ler — ou ouvir, no caso de episódios de podcast, por exemplo.

A Sesamy descreve-se, no próprio site, como uma ferramenta “de inteligência artificial de optimização das receitas para editores, podcasters e criadores [de conteúdos]”.

“Os fundadores têm esperança de que este modelo seja a solução para alguns dos problemas de longa data da indústria dos media”, lê-se no artigo do The Fix, que entrevistou um dos criadores da empresa, Måns Ulvestam.

Como funciona

Um órgão de comunicação social que se torne membro da Sesamy tem acesso às funcionalidades da plataforma, incluindo plug-ins que podem ser integrados nos seus sistemas de gestão de conteúdo (CMS), como o WordPress ou o Spotify.

Cabe a cada órgão de comunicação, depois, decidir que conteúdos quer associar à “paywall” da Sesamy.

Quando um utilizador quer ter acesso apenas a um artigo ou um episódio de podcast, pode pagar por esse item, em vez de ter de pagar por toda a assinatura.

A Sesamy é uma espécie de comerciante que “vende apenas produtos individuais, em vez de os vender por atacado”, compara o co-fundador.

“Uma assinatura custa em média 10 a 15 euros por mês. Com a Sesamy os consumidores pagam até dois euros por um artigo ou um episódio de podcast, sem pagamentos recorrentes”, explica o artigo.

A Sesamy integra já 40 títulos da Suécia, Noruega, Reino Unido, Itália e Polónia.

Vantagens também no longo prazo

“Esta abordagem traz menos stress e obrigações para os consumidores que preferem interagir com alguns meios apenas ocasionalmente”, refere o artigo.

Segundo o co-criador, no modelo tradicional de assinaturas, a maioria dos consumidores cancelam a conta no fim do período experimental. Pelo contrário, com a Sesamy, os consumidores voltam a procurar e a pagar pelos conteúdos dos meios já consultados.

Ulvestam sublinha até que este sistema tem levado alguns consumidores (15%) a acabar por subscrever uma assinatura mais longa.

Relutância justificada

Já em 2020, um artigo da Columbia Journalism Review (CJR) mostrava o seu cepticismo em relação a este modelo, argumentando que os “micropagamentos” nunca seriam uma opção no jornalismo.

Mesmo assumindo que as pessoas clicam “no botão dos 20 cêntimos” para comprar conteúdos individuais, se uma assinatura anual custar 100 dólares, isso “significa que o jornal precisa de quinhentas pessoas a pagar pelos artigos para compensar”, lia-se no artigo da CJR.

Ulvestam percebe a “relutância” e admite que a Suécia é um “mercado invulgarmente maduro para a inovação nos media”.

Ainda assim, os criadores querem manter a esperança e ambicionam replicar o sucesso da plataforma nos mercados dos vizinhos escandinavos, “onde os media tendem a oferecer abordagens inovadoras voltadas para as necessidades dos consumidores”.

(Créditos da imagem: captura de ecrã de fotografia do Facebook da Sesamy)