Após a detenção de duas jornalistas do jornal online All About Macau, o Gabinete de Comunicação Social do Governo de Macau justificou à Agência Lusa a exclusão da imprensa online e de publicações mensais de eventos públicos, destacando que a prática de dar prioridade a meios de comunicação com maior periodicidade, como jornais diários, estações de rádio, televisão e agências de notícias, é uma “prática comum”.  

A detenção ocorreu no dia 17 de Abril, quando as jornalistas tentaram cobrir a apresentação do programa político na área da Administração e Justiça para 2025 na Assembleia Legislativa de Macau. A Assembleia alegou que havia uma “grande afluência” de jornalistas e que “o espaço para entrevistas, bem como os lugares disponíveis na sala do plenário são limitados”. No entanto, o jornal contestou essa alegação, apontando que ainda havia lugares vagos no salão principal e acusando a Assembleia Legislativa de impedir “repetidamente os seus jornalistas de realizar o seu trabalho normal de reportagem sob falsos pretextos”.  

A Lusa afirma não ter obtido, até agora, nenhuma resposta relativa às razões para a exclusão da imprensa online e mensal da cerimónia. O Gabinete de Comunicação Social (GCS) sublinhou que é responsabilidade dos profissionais da comunicação “cumprir as leis e regulamentos ao exercerem as suas funções”. 

A Associação de Jornalistas de Macau reagiu a este episódio e lamentou “profundamente” a detenção das repórteres e a Associação de Imprensa em Português e Inglês de Macau (AIPIM) considerou que o episódio “abre um precedente” preocupante para a liberdade de imprensa. 

A detenção das jornalistas foi igualmente criticada pela Sociedade de Jornalistas e Profissionais da Comunicação Europeus na Ásia (JOCPA), que lamentou a falta de uma manifestação de preocupação por parte de Portugal, “dado os seus profundos laços históricos e culturais com Macau”. 

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