A organização internacional Repórteres Sem Fronteiras (RSF) revelou que jornalistas que actuam na região da Amazónia no Brasil foram alvo de, pelo menos, 66 ataques à liberdade de imprensa em um ano.

Os ataques, que incluem agressões físicas, assédio e ameaças, foram detalhados no relatório inaugural intitulado "As Terras Queimadas do Jornalismo na Amazónia", que começou a ser elaborado logo após o assassinato do repórter britânico Dom Phillips e do etnólogo brasileiro Bruno Pereira no Vale do Yavari, em junho de 2022.

Embora o relatório não forneça pormenores específicos sobre os incidentes, a RSF afirma que 16 deles estão directamente relacionados com reportagens sobre a indústria agrícola, mineração, povos indígenas e violações dos direitos humanos.

A Amazónia brasileira abrange nove estados e é uma área de importância global devido à sua biodiversidade e papel na regulação do clima. No entanto, há décadas que esta região enfrenta ameaças devido aos interesses da exploração madeireira e de grandes empresas de extração. Durante o governo do ex-presidente Jair Bolsonaro, as tensões com os povos indígenas aumentaram, bem como o elevado grau de desflorestação – 40 mil quilómetros quadrados.

O relatório também observou que, mesmo quando o ambiente não é o tema principal das reportagens, está presente em muitos assuntos políticos tratados pelos jornalistas na Amazónia. Um terço das agressões registadas ocorreram às vésperas das eleições presidenciais de 2022 no Brasil. 

A RSF destacou que os jornalistas na região muitas vezes recorrem à autocensura como medida de proteção contra interferências políticas e económicas e recomendam o desenvolvimento de políticas de prevenção para jornalistas que abordam temas sensíveis na região, promoção de um ecossistema mediático pluralista e financeiramente sustentável, e expansão da monitorização de ataques contra jornalistas