O Relatório Anual da Profissão Jornalística 2021, elaborado pela Associação de Imprensa de Madrid (APM), indica que 69% dos jornalistas freelancers optaram por esta opção forçados pelas circunstâncias (contra 79% que declararam tê-lo feito em 2017), enquanto 31% declararam que se tornaram autónomos voluntariamente, 10% a mais do que em 2017, quando eram apenas 21%, revelou Porta Cristina, no artigo publicado nos Cuadernos de Periodistas da Asociación de Periodistas de Madrid, com a qual o CPI mantém um acordo de parceria.

A nível europeu, esta tendência é maioritária: embora muitos sejam forçados a entrar no mundo freelancer, a maioria escolheu esta condição por vontade própria.

Um estudo do European Journalism Centre, sobre a situação do jornalismo freelance no continente, revelou que 60% dos entrevistados, decidiram escolher essa modalidade pela flexibilidade e liberdade de poderem escolher as suas histórias, enquanto apenas 22% o fizeram porque não conseguiram encontrar colocação num meio de comunicação social.

"Acho que isso contraria a ideia de que os os jornalistas optam por ser freelancers porque não têm outra opção", declarou Ana Maria Salinas, então gerente de projectos do Centro Europeu de Jornalismo, durante a apresentação "Como podemos tornar o jornalismo freelance sustentável?", realizada no âmbito do Festival Internacional de Jornalismo (IJF).

No entanto, apesar de ser uma figura reconhecida no meio jornalístico, a situação é marcada pela instabilidade e precariedade. Em Espanha, a protecção dos seus direitos e condições de trabalho ou acesso a prestações sociais, no quadro legal, são praticamente nulas, muito aquém das medidas regulamentares de outros países europeus.

Em França, por exemplo, a legislação garante que os profissionais freelance são considerados como exercendo a actividade dentro de uma empresa e têm acesso aos mesmos benefícios sociais que os demais colaboradores.

Garantir a sustentabilidade da figura do profissional freelance, que agrega valor, informação inédita e o seu próprio ponto de vista às informações veiculadas pelos media, deve ser um esforço conjunto.

É importante não só dar visibilidade e consciência sobre a situação dos jornalistas freelance, às empresas jornalísticas e aos órgãos políticos, mas fazer também um esforço no interior da indústria de informação incluindo dirigentes, editores, chefes de redacção, associações e sindicatos.

Para conhecer as dificuldades sistemáticas do jornalista freelancer, basta saber que, em Espanha, até ao ano de 2022, os profissionais independentes tinham de se inscrever na rubrica de “artesãos” e “escultores” do Imposto sobre as Actividades Económicas (IAE).

Só no dia 1 de Janeiro de 2022, os jornalistas e comunicadores freelancers, foram reconhecidos no censo de actividades económicas da Agência Tributária.

Em tese, isso ajudará no futuro a tornar visível a realidade dos jornalistas em regime freelancer, o que permitirá às administrações públicas tomarem medidas legislativas de apoio à sua situação.

Na prática, e para já, os jornalistas independentes continuam a ter de pagar o mesmo IRS, o mesmo IVA, dos trabalhadores independentes, e continuam a não poder deduzir muitas das despesas derivadas da prática de sua profissão.

Pode ler o artigo completo em, https://www.cuadernosdeperiodistas.com/una-conversacion-sobre-periodismo-freelance-y-su-sostenibilidad/