Para administrador da Renascença “os media têm que se saber unir mais”

Em entrevista ao +M, José Luís Ramos Pinheiro, administrador do Grupo Renascença Multimédia, acredita que a Rádio Renascença “tem uma capacidade de voltar a disputar os lugares cimeiros das audiências em Portugal”.
Mais do que pensar na concorrência, José Luís Ramos Pinheiro defende que a verdadeira aposta deverá estar na colaboração. “Há processos em que temos que concorrer entre nós e há muitos outros processos em que concorremos com as outras grandes plataformas. Os media têm que se saber unir mais do que têm sabido nos últimos anos e têm de perceber onde está verdadeiramente a sua concorrência, nalguns patamares”.
Seguindo este pensamento, o administrador sugere a criação de um agregador nacional de podcast que seja capaz de competir “devagar, gradualmente” com as plataformas internacionais. Explica que, há cerca de dois anos, foi criada o Popcasts, uma plataforma de podcast que “tenta proporcionar uma agregação de conteúdos portugueses”, incluindo conteúdos independentes. “Gostava de ver, por exemplo, o Popcasts como uma plataforma em que pudessem aparecer outros podcasts de muitos outros meios, rádios ou não rádios", expõe o administrador, que coloca a hipótese de o agregador ser pensado por várias entidades e não apenas pelo Grupo Renascença.
“Se não queremos acabar numa espécie de pensamento bacteriologicamente puro, que seja relativamente igualizado em todo o mundo, com uma agenda que também ninguém domina, que tal como o algoritmo é pouco transparente, para não dizer que é muitíssimo opaca, então temos que pensar hoje. E hoje já não é cedo, para pensarmos como é que podemos criar alternativas”, reforça o responsável do Grupo Renascença.
“É urgente modernizar o sistema de medição de audiências de rádio (…) Ter um sistema de audiências que nos permitisse medir claramente todo o audiovisual e que permitisse perceber qual é a verdadeira posição relativa, por exemplo, entre rádio e televisão”, afirma.
A rádio e os seus desafios
Para José Luís Ramos Pinheiro, o grande desafio da rádio é “manter-se constantemente actualizada”. Considera que, nos meios digitais actuais, a rádio foi o meio que melhor e mais se adaptou: “a [sua] portabilidade, a facilidade de acesso, casa perfeitamente com os actuais modos digitais, que nos permitem que a rádio esteja em todo o momento, em todo o lado”. Além disso, deve estar atenta às novas oportunidades e desafios tecnológicos, como a inteligência artificial, utilizando as melhores tecnologias para “tirar partido para o seu próprio produto”.
A proximidade com o público
“Gosto muito de todos eles [os meios] e espero que nenhum desapareça nas mais diferentes plataformas, mas penso que a rádio é o meio que melhor estreita relações entre pessoas”, expõe.
A rádio é vista como uma comunicação de um para um: cada pessoa sente que a mensagem está a ser dirigida a ela. Apesar do crescimento do ecossistema digital, “a rádio tem ganho terreno”, oferecendo mais do que música – oferece uma conexão emocional. Esta “intimidade que a rádio proporciona é inigualável” e incomparável com outros meios de comunicação.
Com a expansão da rádio para várias plataformas, o administrador diz que o vínculo de proximidade com as pessoas, marcas e parceiros mantém-se, o que permite alcançar “resultados que são às vezes inesperados para quem conhece menos profundamente aquilo que a rádio proporciona ou pode proporcionar aos públicos ou aos seus stakeholder”.
A reestruturação do Grupo Renascença
O Grupo Renascença tem actualmente cerca de 240 pessoas e, há cerca de três anos, seriam pouco mais de 250. "Fomos acomodando o grupo, adquirindo as competências que nos faltavam e, ao mesmo tempo, também com um processo de requalificação interna, com formação proporcionada e um conjunto alargado de pessoas”, explica, acrescentando que este trabalho tem dado “excelentes resultados", especialmente nos resultados de 2024 do Grupo Renascença Multimédia.
(Créditos de imagem: Luís Francisco Ribeiro do ECO)