Onde se discute uma coligação de Grupos de “media” para enfrentar a IA
Os executivos seniores e os advogados de vários Grupos detentores de publicações de jornais e revistas, como o New York Times, News Corp, Vox Media, Advance, Axel Springer, Fígaro, ou IAC, têm estado, nas últimas semanas, a discutir sobre a formação de uma nova coligação para lidar com o crescente impacto da inteligência artificial (IA) na indústria jornalística, relata o The Wall Street Journal, citando fontes familiarizadas com o assunto.
O grupo de trabalho ainda não definiu uma agenda específica para tal, e algumas das editoras citadas ainda não se comprometeram a fazer parte dessa coligação. Os participantes destas conversas reconhecem que a divergência nas prioridades das diferentes empresas pode ser um obstáculo para o estabelecimento de uma agenda comum, embora concordem com a necessidade de tomar medidas para proteger os seus negócios diante da ascensão da IA.
As conversas entre estes grandes editores destacam a ameaça representada pela tecnologia de IA generativa, que tem a capacidade de produzir conteúdo variado, incluindo texto, imagens e áudio, e que surgiu como uma preocupação desde o lançamento do ChatGPT, da OpenAI.
Este chatbot, que pode responder a qualquer pergunta com aparente eloquência, mas também pode cometer erros notáveis, tornou-se um fenómeno global, alimentando preocupações de que a IA possa vir a afectar muitas indústrias.
A extensão do uso de conteúdo editorial para “treinar” ferramentas de IA como o ChatGPT e a possível compensação que o sector deve receber por isso, têm estado sob o escrutínio dos executivos editoriais nos últimos meses.
Essa preocupação é agravada pelo facto destas ferramentas darem informações directamente aos utilizadores, eliminando a necessidade de seguir os links das fontes de informação.
A integração anunciada de um robô de conversação (Bard, um concorrente do ChatGPT) no motor de busca do Google irá criar um "choque de audiência" negativo para os media, argumenta Marc Feuillée, Director Geral do Grupo Figaro: “A IA vai alimentar-se continuamente do nosso conteúdo, para depois fornecer ao internauta respostas sintetizadas e digeridas”, referiu. “Além disso, nos resultados do mecanismo de pesquisa, os links para os nossos sites serão desclassificados, abaixo das respostas do chatbot”, alertou.
Em declarações ao The Wall Street Journal, o presidente da IAC/InterActiveCorp, Barry Diller, e o CEO da Axel Springer, Mathias Döpfner, expressaram a sua preocupação com as implicações da IA na indústria das notícias. Diller alertou sobre a recolha de conteúdo, ou seja, o uso de texto e imagens disponíveis online para treinar ferramentas de IA, enquanto Döpfner insistiu que as empresas de media devem levar a sério as ferramentas como o ChatGPT e outros desenvolvimentos de IA.
No cenário pré-IA, os editores já procuravam ser compensados pelo uso do seu conteúdo por plataformas de tecnologia. No entanto, esses esforços foram realizados individualmente. Foi assim que, por exemplo, tanto a News Corp, como o New York Times chegaram a acordos com o Google.