Onde se defende o jornalismo rigoroso e ético para recuperar leitores

“Não é um consolo que atribuam 54% das culpas aos políticos. Isso mostra que o modo como são vistos os jornalistas está longe de ter a confiança dos destinatários que servimos. Evidencia o contágio do jornalismo pela desinformação e polarização política, o que mina a nossa credibilidade e nos coloca no meio do fogo cruzado entre grupos políticos", afirma em comunicado a federação espanhola.
A desinformação, tornou-se juntamente com a insegurança no emprego, um dos maiores males que a profissão enfrenta nestes tempos de convulsão política. Se a imprensa não liderar o combate contra o uso indevido das redes sociais, facilitará a manipulação dos cidadãos e os ataques à liberdade de imprensa. Só reforçando a independência e o controlo crítico dos poderes, produzindo uma informação que permita forjar a opinião dos cidadãos, se recuperará a confiança.
Por isso, a FAPE, defende a necessidade de um jornalismo decente, como forma de exercício da profissão, na qual devem estar envolvidos jornalistas e editores, cumprindo igualmente as normas éticas e deontológicas da profissão.
Na “Declaração de Santander”, proclamada na assembleia realizada em Maio de 2022, por ocasião do centenário da criação da FAPE, foi destacado o compromisso de lutar contra a actual situação. No documento é exigido o fim dos ataques à imprensa e aos jornalistas, realizados em alguns casos, por meio de campanhas de assédio nas redes sociais, com o objectivo de silenciar vozes críticas. “Lamentamos que alguns partidos tenham abandonado a sua obrigação de proteger o direito constitucional à informação verídica, tenham optado por impor vetos ao livre exercício do jornalismo”.
A FAPE insiste que é fundamental que os jornalistas apliquem os valores reflectidos no “Código de Ética”, promovendo a busca da verdade e esclarecendo os factos, a separação de opinião e informação, o controle independente dos poderes de responsabilização e o respeito pelos direitos.
Nesse sentido, a federação denuncia ataques ao livre exercício do jornalismo como as acusações a jornalistas, assédio online, especialmente de mulheres, para intimidar, pressionar e silenciar.
O comunicado, alerta também, para a precariedade laboral vivida no sector. Continuam a ocorrer cortes de pessoal e salários o que conduz à perda da independência. Exige que os editores adoptem medidas para melhorar os salários, as condições de trabalho e fortaleçam as redacções. “Será difícil fazer jornalismo de qualidade se essa situação persistir”, afirma.
Um jornalismo que permita distinguir factos de invenções e verdades de mentiras é para FAPE essencial para impedir a degradação da profissão.