Os desafios criados pela explosão de novas tecnologias e a forma como as agências de notícias se estão a adaptar a estas alterações estiveram em debate na conferência da primavera da Aliança Europeia das Agências de Notícias (EANA sigla em inglês), noticia o Eco.

O encontro, sob o mote "Agências noticiosas que utilizam a inteligência artificial (IA) para as empresas e o jornalismo", decorreu em Maio, na sede da Lusa, em Lisboa.

Joaquim Carreira, presidente da Lusa, afirmou que a IA "é inevitável" para todas as empresas e defendeu que é preciso "pensamento crítico e adaptabilidade" para enfrentar os novos desafios.

O responsável sublinhou, ainda, que existem "várias velocidades de desenvolvimento" de IA entre as agências da EANA e que é importante "não hesitar em cooperar".

O secretário-geral da EANA, Alexandru Ion Giboi, concorda, acrescentando que, quanto a metas para o futuro, “não há uma diferença assim tão grande” entre agências. Giboi alertou também para a necessidade de uma rápida adaptação, devido ao elevado ritmo das mudanças no panorama noticioso.

Já o presidente da EANA e da agência France-Presse (AFP), Fabrice Fries, afirmou que a estratégia da AFP é “estar em locais onde a comunicação social já não vai e investir, especialmente nesses países”. “É muito difícil para um órgão de comunicação social cobrir, por exemplo, África, sem subscrever o serviço da AFP. A nossa estratégia não é muito tecnológica, é jornalismo no local”, disse o responsável.

Do ponto de vista da directora-geral da agência noticiosa croata HINA, Branka-Gabriela Vojvodic, uma das dificuldades tem que ver com os recursos humanos. “A nossa média de idades é 54 anos e estamos com algumas dificuldades com jornalistas mais novos". A responsável disse que é fácil encontrar estes profissionais mais jovens, "porque o jornalismo é ‘sexy’", mas é "quase impossível mantê-los", lembrando que as carreiras em marketing ou relações públicas parecem oferecer incentivos mais fortes para os jovens profissionais.

Finalmente, o presidente executivo da agência de notícias italiana ANSA afirmou à Lusa, citada pelo Eco, que a IA traz uma “grande revolução” às agências noticiosas, talvez a maior desde a invenção da imprensa. Nos próximos “cinco a dez anos, [a IA] irá provavelmente criar um novo ecossistema em que tudo será diferente e o papel das agências de notícias também será mudado", defende o presidente da ANSA.

(Créditos da fotografia: Alex Kotliarskyi no Unsplash)