Jornalistas despedidos “emagrecem” as redacções
Os últimos anos têm sido marcados por um elevado número de despedimentos nas redacções um pouco por todo o mundo.
O site noticioso Press Gazette faz uma monitorização dos principais cortes noticiados pelas empresas de media, nomeadamente em mercados como o do Reino Unido, Irlanda, EUA e Canadá.
O site criou uma lista que vai actualizando regularmente e da qual fazem parte publicações tradicionais e históricas, mas também jornais digitais mais recentes.
Até ao momento, este ano, segundo as estimativas mais conservadoras da Press Gazette, já foram eliminados mais de 1800 postos de trabalho, sendo que nalguns casos não se sabe o número de pessoas abrangidas.
Só em Janeiro de 2024, cerca de mil profissionais foram afectados, no total das publicações e dos países estudados.
Ao longo dos meses seguintes, ouvimos falar em despedimentos em títulos de grande dimensão, como a CNN, Wall Street Journal, Vice e Los Angeles Times.
Terminada a primeira metade do ano, recuperamos algumas das situações mais significativas deste ano, de acordo com a análise da Press Gazette (a lista completa está disponível no site):
- CNN (EUA) — 100
O director-executivo da cadeia de televisão, Mark Thompson, anunciou, em Julho, que a empresa iria cortar cerca de 100 postos de trabalho, o que equivale a mais ou menos 3% da equipa.
- The Daily Beast (EUA) — 25
A empresa anunciou um programa de rescisões voluntárias, ao qual aderiram 25 profissionais, quase 75% dos membros do sindicato. É esperada uma nova fase de despedimentos entre os jornalistas não sindicalizados.
- Evening Standard (Reino Unido) –— 150
Foi anunciado um corte de cerca de 150 postos de trabalho no seguimento da decisão de encerrar a edição diária em papel, e passar a edição semanal.
Os cortes deverão incluir 70 elementos da equipa editorial, composta actualmente por 120 jornalistas a tempo inteiro.
- Wall Street Journal (EUA) — 39
Ao longo de 2024, foram sendo anunciadas várias rondas de despedimentos no jornal. No total, pelo menos 39 jornalistas foram abrangidos pelos cortes, numa altura em que a direcção está a fazer mudanças na organização das redacções do jornal.
- Vice (EUA) — “várias centenas”
A empresa anunciou à equipa, em Fevereiro, que iria “eliminar várias centenas de postos de trabalho”.
- The Intercept (EUA) — 15
Entre as pessoas que saíram em Fevereiro da equipa desta publicação de jornalismo investigativo, está o editor-chefe, Roger Hodge.
- CBS News (EUA) — 20
O corte de cerca de 20 trabalhadores aconteceu nas redacções de Washington, Nova Iorque e Los Angeles.
- The Messenger — 324
A start-up de notícias online fechou no final de Janeiro, tendo muitos elementos da equipa recebido a notícia através de outros órgãos de comunicação social. O site deixou de estar disponível pouco tempo depois.
- Business Insider (EUA) — 70
O título anunciou, no início do ano, o corte de 8% da sua equipa em todo o mundo, o que afectou pelo menos 70 pessoas.
- Los Angeles Times (EUA) — 115
O anúncio do despedimento de pelo menos 115 pessoas, mais de 20% da redacção, chegou seis meses depois de o jornal ter eliminado outros 74 postos de trabalho.
Muitos outros jornais e revistas, em papel e em digital, foram afectados por cortes. A Press Gazette vai continuar a actualizar a lista ao longo de 2024.
(Créditos da fotografia: Thomas Schmidt, via Wikimedia Commons)