Todos os anos, o Nieman Lab, pertencente à Nieman Foundation for Journalism, da Universidade de Harvard, convida figuras de referência do mundo dos media a indicar as suas previsões para o sector para o ano seguinte.

Muitos dos inquiridos deste ano consideram que 2025 vai ser um ano para repensar o que significa o jornalismo e a forma como as notícias chegam ao público.

Vários especialistas referem a entrada cada vez mais assumida dos criadores de conteúdos no ecossistema mediático. “Os criadores de conteúdos terão o seu lugar nas redacções”, prevê, por exemplo, Julia Munslow, editora na equipa de redes sociais do The Wall Street Journal.

Quanto aos formatos, a previsão é de que haja um crescimento dos podcasts com vídeo, como “nova forma de cobertura” noticiosa, mas também o aumento das investigações com visualização de dados, o “renascimento dos formatos longos” e a exploração de novas dimensões de storytelling.

A inteligência artificial (IA) é, como seria de esperar, um dos temas mais recorrentes, muitas vezes numa óptica promissora. Mas nem sempre... “Os editores vão perceber que a era da IA não é assim tão lucrativa”, diz Rasmus Kleis Nielsen, professor de Comunicação na Universidade de Copenhaga e ex-director do Reuters Institute. Também Artem Fishman, director de tecnologia no Grupo Dow Jones, considera que a expectativa em torno da IA será “recalibrada”.

Do ponto de vista da sustentabilidade, “a filantropia vai chegar-se à frente para os meios noticiosos locais”, acredita Nancy Watzman, gestora na equipa de parcerias da Associated Press. São feitas referências também ao declínio dos websites e a um eventual regresso do papel.

Num tom menos optimista, Juanita Islas, directora de programas na International Women’s Media Foundation, considera que “os jornalistas continuarão a ser alvo de ataques” e a ser “tratados como o inimigo”. Também Benjamin Toff, director do Minnesota Journalism Center, prevê que será adoptado um manual autoritário anti-jornalismo.

Muitos especialistas fazem referência ao desafio que será a convivência do jornalismo com a presidência de Donald Trump.

Ainda assim, existe espaço para imaginar que 2025 será um ano de abertura a novas formas de trabalhar em jornalismo: “Os jovens jornalistas vão reimaginar uma imprensa melhor”, “As redacções vão reinventar o jornalismo político” e “Vamos aproveitar a escuta activa para construir uma resiliência colectiva” são alguns exemplos de previsões de esperança.

“Este momento exigirá inevitavelmente que as redacções e os jornalistas mudem. Mas quando é que não foi assim?”, pergunta Rachel Lobdell, consultora de media.

No site do Nieman Lab, estão disponíveis os textos completos de todas previsões.

(Créditos da imagem: vectorjuice no Freepik)