Guia para iniciativas de literacia mediática mais eficazes
O European Digital Media Observatory (EDMO) publicou, recentemente, um guia com princípios orientadores para o desenvolvimento de actividades de literacia mediática com vista ao aumento da sua eficácia.
O documento, intitulado EDMO Guidelines for Effective Media Literacy Initiatives, visa orientar “todos os promotores de iniciativas de literacia mediática ao longo do processo de desenvolvimento conceptual, implementação e revisão” dessas actividades, explica a ERC – Entidade Reguladora para a Comunicação Social, que subscreve as orientações do EDMO.
O guia, editado em parceria com a Media & Learning Association e a School of Transnational Governance (do European University Institute), é destinado a educadores, decisores políticos, profissionais dos media e das indústrias tecnológicas, sociedade civil e outros.
A noção de “literacia mediática” utilizada pelos autores “inclui todas as competências técnicas, cognitivas, sociais, cívicas e criativas que permitem a uma pessoa aceder aos meios de comunicação social, interagir com estes e ter sentido crítico em relação a eles”. Esta definição é baseada no entendimento do Media Literacy Expert Group, da Comissão Europeia.
São exemplos de iniciativas de literacia mediática cursos de formação, planos de aulas disponíveis online, jogos, campanhas, etc.
Os princípios partilhados são ajustáveis a diferentes conteúdos, desde o valor da independência do jornalismo e do funcionamento dos media digitais à compreensão do papel dos algoritmos no consumo de informação.
Estes são apenas princípios orientadores e não devem ser tomados como “receitas” ou como limitadores da criatividade e flexibilidade no desenvolvimento das iniciativas.
Princípios-guia para actividades de literacia mediática
Relativamente ao seu desenvolvimento, uma boa iniciativa deve:
- ter objectivos e princípios claros e bem definidos;
- capacitar os destinatários, no sentido de lhes dar iniciativa e não apenas de proteger contra as ameaças;
- promover um entendimento crítico do ecossistema mediático;
- consultar os destinatários, envolvê-los sempre que possível no desenho dos projectos e incluir actores relevantes para o processo;
- usar uma abordagem baseada na análise de necessidades e na identificação de potenciais campos de resistência;
- ser inclusiva;
- ser ética e acessível.
Quanto à forma de implementação, a iniciativa deve ser:
- transparente relativamente às suas intenções, procedimentos e financiamento;
- bem preparada, incluindo, quando possível, um projecto-piloto e garantindo que todos os recursos necessários estão disponíveis;
- adaptável, isto é, atenta às circunstâncias em que é desenvolvida e a potenciais imprevistos.
Finalmente, no que diz respeito à sua avaliação, as iniciativas devem:
- perdurar no tempo, por exemplo disponibilizando recursos e materiais que as pessoas possam usar depois de concluída a iniciativa;
- incluir reflexão sobre o que correu bem e o que tem de ser melhorado; medição do impacto; e partilha deste conhecimento.
O EDMO quer, no futuro, disponibilizar o guia em várias línguas e incluir exemplos e recursos específicos de cada região, no contexto da Europa.
Além da ERC, estes princípios são subscritos por outras entidades portuguesas, tais como o GILM (Grupo Informal sobre Literacia Mediática), Grupo Autónoma, o CICANT (Centre for Research in Applied Communication, Culture, and New Technologies, da Universidade Lusófona) e o OberCom (Observatório da Comunicação).
Recorde-se que um dos objectivos da Estrutura de Missão para a Comunicação Social criada pelo Governo de Luís Montenegro é a elaboração de um novo Plano Nacional para a Literacia Mediática, e que esta área está explicitamente mencionada no Plano de Actividades da ERC para 2025.
(Créditos da imagem: vectorjuice no Freepik)