O manifesto “Defender o jornalismo como bem público” foi publicado pela Federação Europeia de Jornalistas (FEJ) como forma de alertar para os desafios que a actividade jornalística enfrenta actualmente.

A FEJ, que representa 73 sindicatos e associações profissionais de jornalistas de 45 países, “apela aos decisores políticos da União Europeia para que defendam o jornalismo e os jornalistas na Europa”, lê-se no manifesto.

O aumento da desinformação e do controlo político sobre os jornalistas, o poder das grandes plataformas digitais e a consequente erosão do valor do jornalismo, entre outros desafios, têm posto em causa o futuro da profissão.

“Isto obriga-nos, a todos que defendemos a democracia, a apoiar os jornalistas” e a apoiar uma abordagem do jornalismo “como um bem público”, defende a FEJ.

O documento foi publicado em antecipação às eleições para o Parlamento Europeu (PE), de 9 de Junho.

Com o início de um novo período, “precisamos de um Parlamento e de uma Comissão comprometidos com uma Europa justa, com os direitos laborais e os direitos humanos, com o Estado de Direito, a liberdade de imprensa e o pluralismo”.

“Para que os factos prosperem, precisamos de unir esforços para contruir um ecossistema informativo saudável”, continua.

Nesse sentido, são identificados três eixos de acção.

Fomentar um jornalismo viável

  • Investir de forma maciça: financiamento público transparente em toda a linha e financiamento filantrópico.
  • Garantia de independência e sustentabilidade dos serviços públicos de média.
  • Aplicar taxas às gigantes tecnológicas: assegurar remuneração por parte das plataformas digitais pelo uso de conteúdo jornalístico.
  • Assegurar os direitos de autor de todos os jornalistas.
  • Alocar orçamento permanente a projectos de jornalismo independente e de literacia mediática.

Promover a segurança dos jornalistas

  • Permitir a criação de ambientes de trabalho seguros para os jornalistas, protegendo-os da violência física e online, principalmente mulheres e grupos marginalizados.
  • Acabar com a impunidade.
  • Reconhecer e prevenir os processos legais abusivos destinados a silenciar os jornalistas.
  • Prevenir o uso de spyware ilegal contra jornalistas.

Regular a inteligência artificial generativa

  • Dar prioridade à máxima transparência sobre os dados usados para treinar os modelos de IA e sobre o conteúdo gerado por IA.
  • Impor remuneração obrigatória aos autores pelos conteúdos gerados por IA que usam os trabalhos jornalísticos como fonte.
  • Fomentar a criação de directrizes para o uso responsável de IA pelos jornalistas no seu trabalho.
  • Garantir que a IA é uma parte integrante da formação dos estudantes de jornalismo e dos profissionais.

(Créditos da fotografia: Joppe Spaa no Unsplash)