Estratégias para uma cultura de interacção saudável nas equipas
No sentido de perceber como se desenvolve, numa redacção, uma cultura organizacional de cuidado com os trabalhadores, o Reuters Institute for the Study of Journalism conversou com dois profissionais da área e sistematizou algumas orientações essenciais.
“Os estudos indicam que uma cultura de trabalho positiva potencia a produtividade, reduz a rotatividade dos trabalhadores e conduz a equipas mais saudáveis e mais felizes”, começa por dizer o artigo.
No entanto, “estes ambientes raramente se desenvolvem por acaso — e menos ainda em indústrias muito aceleradas e com elevados níveis de stress, como o jornalismo”.
Para que uma cultura organizacional saudável seja fomentada são necessários “processos bem pensados” e uma “liderança consequente”.
Para potenciar esse trabalho, o Reuters Institute sugere cinco ideias inspiradas nas sugestões de Jayo Miko Macasaquit, responsável de recursos humanos na The 19th, uma organização jornalística dos EUA conhecida por ter uma cultura de trabalho acolhedora, e Jeremy Clifford, consultor de liderança e ex-editor.
Fazer do feedback construtivo uma prática comum
Numa redacção em que se procura fomentar uma comunicação aberta e saudável, é essencial criar um ambiente em que o feedback entre os colegas seja sentido como natural e útil, e não como ameaça.
Este é um elemento fundamental para que os profissionais se sintam envolvidos no trabalho e acolhidos pela equipa.
Para integrar esta prática de forma intencional nos canais de comunicação, os editores podem, por exemplo, garantir que uma parte das suas reuniões individuais com os trabalhadores é reservada para a troca de feedback.
Outra hipótese é a criação de momentos mensais para devolver informação aos jornalistas sobre o seu trabalho. Outra ideia, ainda, é o preenchimento de avaliações de desempenho semestrais.
Acima de tudo, é “crucial” não deixar de dar feedback, uma vez que, “sem ele, os profissionais podem ficar desmotivados, porque não percebem qual é o seu papel no sucesso da equipa”, explica Jeremy Clifford.
Gerir com empatia e enquadrar a comunicação
Importa lembrar que a resistência ao feedback é uma reacção natural, especialmente quando envolve áreas de desenvolvimento pessoal.
Nesse sentido, o reconhecimento da inevitabilidade desta dimensão emocional não só é uma forma empática de lidar com a situação, como pode facilitar a gestão das reacções de cada pessoa.
Uma forma de evitar atitudes defensivas mais fechadas é transformar os momentos de partilha de feedback em conversas recíprocas de discussão de ideias.
Segundo o consultor, esta é uma abordagem que reduz a defensividade e abre a conversa para um terreno de resolução conjunta de um problema.
Dar atenção às pessoas não é tempo perdido
Nem tudo tem que ver com tarefas numa gestão equilibrada do trabalho. Para uma cultura organizacional saudável, é necessário “investir nas pessoas por trás dessas tarefas”.
Isto pode fazer-se, por um lado, durante as reuniões, com toda a equipa junta. Por exemplo, Jayo Miko Macasaquit considera que os momentos de quebra-gelo no início das reuniões, embora pareçam “inócuos”, são muito eficientes para o aprofundamento das relações de trabalho.
Por outro lado, as conversas individuais permitem que o editor avalie melhor como se sente cada trabalhador, demonstrando cuidado pelo seu bem-estar profissional e pessoal.
Além destas estratégias, o artigo do Reuters Institute explora, ainda, formas de equilibrar feedback positivo e feedback negativo; e dicas de como liderar pelo exemplo para motivar a equipa.
(Créditos da fotografia: Mimi Thian no Unsplash)