No dia 5 de Novembro, realizam-se as eleições presidenciais dos Estados Unidos, com Kamala Harris e Donald Trump como candidatos pelos partidos democrata e republicano, respectivamente.

Este é um momento com profundas implicações para a Europa e para o mundo, pelas mudanças que uma nova figura na presidência norte-americana poderá trazer para a geopolítica global.

 O The Fix, site noticioso sobre o sector dos media, falou com três organizações jornalísticas europeias no sentido de conhecer os seus planos para a cobertura deste acontecimento marcante.

Deutsche Welle: O caso de uma grande emissora

Como empresa pública de radiodifusão com emissões internacionais em mais de 30 línguas, a alemã Deutsche Welle (DW) sabe que a sua audiência não procurará a DW “para saber das últimas notícias sobre a campanha eleitoral”, diz Carla Hagemann, porta-voz da empresa.

Nesse sentido, a DW irá “mostrar às pessoas como é que as eleições presidenciais dos EUA têm impacto nas suas vidas, porque é que é importante para elas e como é que os conflitos nas suas regiões podem ser afectados pelo resultado eleitoral”, explica.

Esta é a estratégia global, mas há depois ângulos diferentes pensados para públicos diferentes. Por exemplo, para o público mais jovem, estão pensadas peças para as redes sociais com contexto sobre as eleições; para quem siga a DW nos EUA, a ideia é apresentar a perspectiva alemã e europeia dos desenvolvimentos nas próximas semanas.

“O público procura-nos para este tipo de reportagem”, diz Carla Hagemann.

Do ponto de vista logístico, o número de repórteres nos estúdios da DW em Washington será reforçado nos próximos meses.

SME: Os planos de um jornal diário

O jornal eslovaco SME, fundado em 1993 e uma referência nacional na imprensa em papel e online, tem assumido um lugar de relevo no debate público.

No entanto, o interesse dos leitores nos assuntos internacionais tem vindo a cair, sendo as notícias “percepcionadas como menos importantes” e captando menos atenção do público, com poucas excepções, como a invasão russa da Ucrânia, refere Lukáš Onderčanin, director da editoria internacional.

A menor procura destas notícias torna a área pouco rentável para o jornal, pelo que é preciso repensar a forma como é usado o orçamento. “Optamos pela tradução de conteúdo noticioso comprado a outras publicações, tais como as reportagens do Washington Post, que são mais baratas do que enviar os nossos repórteres para o estrangeiro”, descreve, deixando a ressalva de que a ida de jornalistas para os EUA antes das eleições ainda está a ser discutida.

Para compensar estas dificuldades, o plano do SME é publicar análises sobre as eleições e entrevistas a especialistas; fazer um “ao minuto” no dia 5 de Novembro, com um widget no site com a contagem dos votos; e sugerir leituras mais aprofundadas que exijam subscrição de uma assinatura do jornal.

Euractiv: A visão de uma plataforma online pan-europeia

O Euractiv é um site de notícias europeu, fundado em 1999, especialmente dedicado aos assuntos europeus e com a ambição de ir além da perspectiva de Bruxelas na discussão dos temas.

Tal como a DW, o Euractiv também procura reportar histórias sobre o impacto das eleições norte-americanas na política da europeia.

Ainda assim, Chris Powers, gestor de audiências e repórter de política britânica no Euractiv, refere que “ainda é cedo para avaliar” o interesse na campanha presidencial dos EUA.

De qualquer forma, dado o ângulo europeu habitual dos trabalhos jornalísticos feitos pelo site, Chris Powers antecipa que poderá não haver ganhos muito significativos com as notícias sobre os EUA. Por comparação, Powers referiu que as eleições de Junho em França despertaram muito mais interesse por parte dos leitores.

(Créditos da fotografia: Inja Pavlić no Unsplash)