O ChatGPT, o popular bot de discussão criado pela OpenAI, com sede nos Estados Unidos, não está oficialmente disponível na China, onde o governo opera um firewall abrangente e censura rígida na Internet. Mas muitos acediam à aplicação através de VPNs.

Esses programas desapareceram das contas do WeChat. Várias empresas de tecnologia, incluindo a empresa controladora do WeChat, Tencent e Ant Group, receberam ordens para cortar o acesso aos programas. Os media estatais publicaram artigos sobre os perigos do ChatGPT ser usado como ferramenta potencial para os EUA “espalharem informações falsas”.

Um artigo do China Daily afirmou que as perguntas feitas ao ChatGPT sobre Xinjiang dão respostas "consistentes com a propaganda política do governo dos EUA de que existe o chamado 'genocídio´".

As pesquisas acerca do ChatGPT, em plataformas chinesas, já não são respondidas, enquanto os programas alternativos foram desactivados ou substituídos por um aviso a dizer que estão suspensos por “violar leis e regulamentos relevantes”, informou o South China Morning Post.

Ilaria Carrozza, investigadora sénior do Peace Research Institute Oslo, disse que a repressão não foi surpreendente.

A OpenAI não permitia que as pessoas na China se registassem, então havia algumas barreiras, mas não estava totalmente bloqueada”, declarou.

“O modelo é treinado em informações abertas baseadas em países ocidentais. Potencialmente, levanta muitos problemas [para o governo chinês], porque as pessoas poderiam usá-lo para levantar questões sobre tópicos delicados, como os abusos dos direitos humanos em Xinjiang, Taiwan, nas ilhas Diaoyu.”

Houve um interesse generalizado no ChatGPT, que motivou uma corrida tecnológica da indústria chinesa para criar chatbots domésticos. As redes sociais e estatais chinesas tem sido inundadas com relatos de testes da tecnologia e discussões sobre o seu uso em ambientes académicos e outros.

Com o acesso ao ChatGPT agora cortado aos consumidores chineses e sem substituição doméstica equivalente, há agora uma procura sem resposta na China.

A indústria chinesa “enfrenta um dilema, querem tranquilizar os investidores e consumidores ao dizerem que estão a desenvolver-se tão rápido quanto as outras empresas de tecnologia do mundo, mas também não querem incomodar o governo”. “É muito difícil para essas empresas navegar nesses ambientes e propor produtos que não serão encerrados imediatamente.”