A orfandade informativa compensada com o jornalismo local na imprensa

O jornalismo local ou regional está a tornar-se cada vez mais importante na imprensa e na sociedade actual. O fim da Guerra Fria, a fragmentação temática, a globalização e o aumento da desconfiança do público em relação à confiabilidade das notícias publicadas pela grande imprensa, juntamente com a expansão das novas tecnologias digitais de comunicação e informação, têm contribuído para a crescente importância do jornalismo local e hiperlocal, defende Carlos Castilho em artigo publicado pelo Observatório de Imprensa do Brasil com o qual o CPI mantém um acordo de parceria.
Segundo Castilho, o jornalismo local tem um papel estratégico na redução das tensões sociais, uma vez que a compreensão e a conciliação predominam quando o que está em jogo é a solução de um problema local, como o abastecimento de água, saneamento básico, transporte urbano ou segurança pública. Além disso, a redescoberta de interesses em comum quando expostos e discutidos em blogs, páginas web, jornais e redes locais de utilizadores da internet gera uma maior participação das pessoas nas questões municipais.
A crise do modelo de negócios da imprensa tradicional, devido à migração dos anunciantes para as grandes redes sociais virtuais, agravou ainda mais a orfandade informativa das pessoas, num momento em que aumentaram os indícios da formação de “guetos sociais” fruto da polarização gerada pela desigualdade social e económica.
Assim, segundo autor, o jornalismo local torna-se no ponto de partida para uma regeneração mínima do tecido social urbano e rural, após a fragmentação causada pela polarização entre a direita e esquerda. Estudos como o projecto Atlas da Notícia mostram a preocupação com os chamados “desertos informativos”, que definem os municípios e cidades onde não existe nenhum órgão da imprensa, e reforçam a importância do jornalismo local como uma fonte de informação confiável e próxima da realidade das pessoas.
Pode consultar o artigo de Carlos Castilho em: