Os jornalistas precisam cada vez mais de ter competências para construir narrativas visuais, porque o uso de imagens no mundo informativo de hoje é essencial. Quem o diz é Lazar Čovs, jornalista de investigação para a BBC, na Sérvia, e formador em jornalismo de dados na Deutsche Welle, num artigo publicado no The Fix.

“À medida que as redes sociais continuam a moldar a forma como o público consome notícias, o jornalismo visual torna-se cada vez mais vital para eliminar a desordem, dar informações de forma clara e eficaz, e envolver o público”, afirma o jornalista.

A adaptação às redes sociais

“As gerações mais novas não querem ter de clicar para ir para a um website”, explica Lazar Čovs, acrescentando que esta mudança na forma de consumir as notícias implicou que as redacções se adaptassem à produção de conteúdo desenhado especificamente para as plataformas digitais.

Uma das ferramentas mais úteis e com melhores resultados no que diz respeito ao envolvimento dos utilizadores é o formato de carrossel no Instagram, que permite ao leitor fazer scroll para o lado, para ver uma série de imagens, gráficos e/ou textos.

Mais recentemente, o crescimento do TikTok como plataforma dominante exigiu que os meios de comunicação aprendessem também a criar vídeos curtos e com elementos cativantes para transmitir, nalguns segundos, as ideias centrais de uma peça noticiosa.

Scroll + Storytelling = Scrollytelling

“O scrollytelling não é apenas um formato novo; é o reflexo de como a geração de hoje consome informação. Explora comportamentos com que as pessoas já estão familiarizadas, permitindo que a história flua de forma intuitiva, tornando-se uma ferramenta muito forte no jornalismo moderno”, explica Lazar Čovs.

Nesse sentido, um bom contador de histórias nos dias de hoje ou um bom produtor de conteúdos online tem de conhecer a semiótica das diferentes plataformas, tem de perceber a dinâmica interactiva de cada uma delas e ajustar o conteúdo a essa experiência.

É preciso saber “para onde é mais provável que as pessoas olhem, onde vão clicar, etc.”.

Para testar se um conteúdo seu está bem construído, ou seja, se é claro e intuitivo, Lazar Čovs habitualmente pede às pessoas com menos literacia digital na redacção que explorem a publicação.

“Se for claro para eles, é provável que seja claro para a maioria das pessoas. Se eles dizem que é muito complicado, às vezes desisto completamente [dessa opção] ou escolho outra forma de visualizar o conteúdo”.

As novas competências de um jornalista

“Todos os jornalistas devem ter, pelo menos, um conhecimento básico de visualização de dados”, considera o autor do artigo, comentando que com um workshop de um dia já é possível aprender a criar elementos gráficos que enriqueçam uma história.

“Os jornalistas não têm de se tornar programadores ou designers gráficos, mas precisam de saber o suficiente para colaborar com esses profissionais e tornar a sua história mais rica visualmente”, explica.

O Flourish, por exemplo, é uma plataforma útil para redacções mais pequenas. Aqui são disponibilizadas muitas soluções para visualização de dados e é dada formação via webinars.

(Créditos da fotografia: Robin Worrall no Unsplash)