A Apple News enfrenta a concorrência da OptOut
Apenas consultava a Apple News, porque estava pré-instalada no seu Iphone. “Cansei-me de ver o mesmo tipo de cobertura dos grandes meios de comunicação”, disse Kotch. “Não li nada de que gostasse mais ou tenha pensado que acrescentava alguma diferença”, afirmou.
Kotch, e o amigo Walker Bragman, tiveram então a ideia de criar o OptOut News, uma aplicação que agrega e partilha notícias, podcasts e streaming de vídeo de editores de notícias “exclusivamente independentes”.
Kotch e Bragman lançaram em 2020, a OptOut Media Foundation, como organização sem fins lucrativos, com a missão de “educar o público sobre a actualidade e ajudar a sustentar um ecossistema de media diversificado, promovendo e auxiliando veículos de notícias independentes”. A fundação é financiada por doações individuais, subsídios, assinaturas pagas e eventos.
Além de Kotch e Bragman, na fundação lançada há um ano, há 25 contratados e voluntários pagos que ajudam na operação, incluindo três editores freelance, autores dos seus próprios boletins e mais quatro jornalistas que seleccionam as histórias com visualização na aplicação.
O OptOut, ainda está em versão beta e tem quatro secções:
- Manchetes com curadoria de histórias, actualizado por humanos três ou quatro vezes ao dia.
- Favoritos para salvar histórias.
- Feed, onde os utilizadores podem seleccionar os canais que desejam seguir
- Livestreams, para assistir ou ouvir as histórias em tempo real.
A aplicação inclui 180 canais de notícias até agora, incluindo jornais, revistas, publicações digitais, podcasts, canais de vídeo e transmissões ao vivo do Twitch e do YouTube. Muitas das selecções têm uma inclinação decididamente progressista; um revisor da App Store observou que "parece um pouco uma alternativa de esquerda ao que lemos no ecossistema de media de direita".
Os editores nacionais e de assuntos específicos incluem, The Markup, The Appeal, Grist, Prison Journalism Project e The Nation. O OptOut também inclui conteúdos de editores de notícias locais e regionais, como North Carolina Policy Watch, Ohio Capital Journal, Source New Mexico e o Minnesota Reformer.
“Quisemos criar um serviço que ajudasse a unir essas redacções com o público”, disse Kotch.
Os dois principais requisitos do OptOut, para um meio de comunicação integrar a sua rede é que seja financeiramente independente e que produza consistentemente jornalismo confiável e preciso. Os meios de comunicação também devem apoiar práticas de trabalho justas (não são permitidas “actividades anti-sindicais”) e, se forem “publicações baseadas em opinião ou entrevistas”, não devem promover ou legitimar “teorias da conspiração ou outras de conteúdo falso”.
Ser um órgão de informação “financeiramente independente”, de acordo com a OptOut significa que;
- Não pertence a uma corporação comercial ou instituição financeira (ex. Comcast ou Alden Global Capital).
- Não é financiado maioritariamente por uma ou um grupo de corporações ou fundações corporativas, (é considerado aceitável um meio de comunicação publicar anúncios, mas, se por exemplo for financiado principalmente por doações do Google ou do Facebook, já não se qualifica.
- Não estar cotado em Bolsa.
- Livre de conflitos de interesses financeiros.
Por exemplo, uma empresa que cobre o sector de energia, mas, cujo principal financiamento advém de uma empresa de energia ou de uma fundação afiliada, não se qualifica para integrar a rede.
Se houver uma publicação especializada em relatórios de energia e clima, patrocinada pela Chevron, isso representa um conflito de interesses”, disse Kotch
“Somos uma fundação e temos a nossa própria ética moral, não apenas em termos de como se faz jornalismo, mas em termos da nossa sociedade”, acrescentou Kotch.
O uso do OptOut, é gratuito e já conta com mais de 13.000 dowloads na Apple Store. Os utilizadores não são obrigados a registar-se ou a fornecer dados pessoais ao OptOut, embora lhes seja solicitado que se inscrevam para receber os seus quatro boletins semanais OptOut News, OptOut Climate, OptOut LGBTQ + e OptOut New York.
Todos os boletins têm como base a divulgação de histórias relevantes da rede de parceiros e estão a começar a fazer os seus próprios relatórios e análises originais. Kotch declarou que os boletins têm mais de 6.000 assinantes e cada um tem uma taxa média de abertura de 40%.
A OptOut também está a experimentar os conteúdos pagos como o podcast Gilded Age, sobre a desigualdade actual e o OptOutCast, que entrevista e apresenta o trabalho de jornalistas de agências de notícias independentes. Os membros, têm acesso a um mail privado para contactarem a equipa do OptOut.
“A esperança é que, as pessoas tenham uma dieta diária de notícias mais saudável e diversificada”, declarou Kotch.