À medida que as conversas nos meios de comunicação social começam a visar a importância de abordar as questões de saúde mental e de proteger os jornalistas em situações difíceis, alguns estão também a abordar as emoções no jornalismo.

As emoções na profissão podem variar, desde o stress no local de trabalho, à tristeza sentida ao relatar uma história difícil ou mesmo a excitação perante uma nova oportunidade. Por muito comuns que sejam, estas emoções, quando combinadas, podem levar a problemas que podem dificultar o trabalho dos jornalistas e, em alguns casos, levá-los mesmo a abandonar a profissão.

Maja Šimunjak é uma professora catedrática de Jornalismo, na Middlesex University London e autora de “Managing Emotions in Journalism”, um novo livro baseado em entrevistas a mais de 30 jornalistas britânicos. 

O livro sensibiliza para as situações emocionais e os factores de stress com que os jornalistas se podem deparar e procura fornecer um enquadramento para os jornalistas aplicarem ao seu trabalho. 

"Se estiveres numa situação emocional, tenta reconhecer o que sentes", diz Maja Šimunjak.

Numa entrevista à autora, publicada no Reuters Institute, Marina Adami escreveu um artigo no qual deixa vários conselhos.

Sobre a importância das emoções no jornalismo, a autora descreve que, "ao contrário de outras profissões, o que torna o jornalismo diferente é o facto de ser muito público”. 

“Todos os seus triunfos e todos os seus erros são susceptíveis de serem bem conhecidos. Essa situação contribui para aumentar as emoções positivas e negativas. Trabalhar nessas circunstâncias pode evocar sentimentos de ansiedade, frustração e nervosismo. Mas o sector debate-se com isto. Para mim, às vezes parece que não permitimos que os jornalistas sejam humanos", descreve.

No que diz respeito à protecção quando se relata um trauma, Šimunjak refere que "é provável que os jornalistas recorram àquilo a que se chama uma estratégia de mobilização da atenção”. 

“Significa que se concentram na rotina da entrevista: fazem perguntas abertas e neutras, ouvem ativamente, tomam notas e prestam atenção a potenciais frases de efeito. Esta prática pode preocupar a mente o suficiente para permitir que o comportamento permaneça, em grande medida, não afectado pela emoção", analisa.

A autora deixa ainda sugestões sobre como os jornalistas se podem proteger de abusos nas redes sociais.

"Os jornalistas estabelecem limites. Podemos tomar decisões sobre quando estamos a aceder às redes sociais. Podes remover aplicações do teu telemóvel. Desligar as notificações e silenciar as conversas também são limites que podes estabelecer. Por último, se tiveres de estar presente e estiveres a passar um mau bocado, ter uma conversa com os teus pares pode libertar muita da pressão que sentes", sugere.