Este estudo é a primeira iniciativa do Observatório de Jornalismo da Fundação que indicia haver pouco progresso na literacia mediática, em Espanha.

O trabalho desenvolvido com 100 professores em todas as comunidades do país, mostra que, segundo a sua percepção, os professores primários e secundários fizeram pouco (47%) ou nada (13%) sobre literacia mediática nos últimos cinco anos.

Apesar da maioria dos professores considerar que a literacia mediática é uma solução clara para o problema da desinformação, e, corroborarem que os alunos estão muito afectados pela desinformação, afirmam que “não estão a ser feitos investimentos suficientes para melhorá-la”.

Assim, 40% dos inquiridos considera que nada foi investido e 27% que pouco foi investido nos recursos e infraestruturas necessárias para o ensino da literacia mediática, enquanto 26% considera que houve algum tipo de investimento. Entretanto, 73% dos entrevistados acredita que a Internet contribui muito para a desinformação e 60% entendem que os media também contribuem bastante para a desinformação.

José Suárez de Lezo, director do Laboratório de Jornalismo da Fundação, destaca que “o valor deste estudo é conhecer o estado da arte para promover o trabalho sobre o tema, pois a educação para a media é uma base indispensável para construir o pensamento crítico”.

O Relatório analisa o contexto actual, a legislação comparada e as estratégias em diferentes países da UE e reune inúmeras histórias de sucesso, como o Projeto Lumières sur Sevran em França, onde jornalistas organizaram actividades para grupos de jovens com o objectivo de os ajudar a “desmascarar” notícias falsas.

Outras iniciativas destacadas no estudo, são o projecto finlandês que usa métodos profissionais de verificação de factos nas escolas primárias e secundárias num contexto eleitoral; o projecto Navigate, desenvolvido por quatro universidades europeias para a literacia mediática através de videojogos; organizações internacionais como a ONU, a OEA e a Unesco que lançaram estratégias na América Latina, ou empresas como Meta e Apple.

O relatório, especifica as experiências das associações de imprensa da Andaluzia, do Colégio Profissional de Jornalistas e da Junta de Andaluzia que, em conjunto, têm organizado oficinas de literacia mediática em cerca de cinquenta escolas no âmbito do projecto Desenreda.

Menciona, também, o programa Educac que, em 2022, lançou um teste piloto nos autocarros escolares na Catalunha, com curso gratuito para maiores de 50 anos, desenvolvido pela Meta, e o trabalho continuado pelas empresas de verificação Mediawise e Newtral, além do Programa GeneraZión sobre segurança na Internet e literacia mediática para jovens.