O último estudo World Press Trends, revelou uma viragem na confiança dos empresários e gestores da indústria mediática, pois rompe abruptamente com o optimismo que se tinha registado na edição anterior.

O clima na indústria mudou acentuadamente com os editores a admitir que estão muito mais preocupados este ano, com um ambiente de negócios mais imprevisível devido a causas como, altos níveis de inflação, custos crescentes de papel e impressão e mudanças contínuas no mercado da publicidade.

A análise é baseada numa pesquisa online onde participaram 167 executivos do sector das notícias de 62 países, revelou o Laboratório de Periodismo da Fundación Luca de Tena.

O World Press Trends, revelou a queda da confiança empresarial. Os vários desafios e riscos em curso afectaram o sentimento empresarial, com mais da metade dos entrevistados (55,4%) a afirmarem estar preocupados com os próximos 12 meses. Esse indicador representa uma mudança significativa em relação ao relatório anterior, já que no ano passado mais de 80% disseram estar optimistas.

A percepção é um pouco mais positiva quando os editores consideram as suas perspectivas de médio prazo, com o nível de pessimismo a cair ligeiramente (46,4%), quando os participantes da pesquisa são questionados sobre as suas perspectivas para os próximos três anos.

Mas, há, também, um grupo de editores que vê o futuro com muito optimismo: quase um terço (31%) indicou que está “muito optimista” sobre a perspectiva dos seus negócios a três anos.

Por outro lado, e apesar das perspectivas bastante pessimistas, as editoras estão geralmente optimistas quanto às suas receitas. Uma análise mais detalhada dos dados mostra que especialmente os editores em economias em desenvolvimento têm grandes expectativas para o desenvolvimento das suas receitas.

Em termos do modelo de negócio, os editores dizem que o resultado da publicidade e da circulação continua a mais relevante, correspondendo a uma média de 47,7% e 35,8% da sua receita global.

Enquanto isso, a receita de novos tipos de actividades, como eventos, comércio electrónico e publicação por contrato (um acordo comercial pelo qual o editor publica conteúdos em nome de uma segunda empresa) representa 16,7% dos ganhos totais, acima dos 13,2% no ano anterior.

Os editores também disseram que a receita de novas actividades aumentou 21,5% nos últimos 12 meses, tornando-se a área de crescimento mais rápido.

Embora em declínio, a impressão continua a ser fundamental: combinadas, a publicidade impressa e a circulação geram mais da metade (53,5%) da receita total dos entrevistados, acima dos 56,1% do ano anterior.

À semelhança dos anos anteriores, os custos editoriais e de conteúdos são a maior fatia da despesa dos editores de notícias, representando 32,4% da despesa total, praticamente o mesmo que no ano anterior.

Devido o nível actual da atenção dada às novas ferramentas de IA, talvez não seja surpreendente que muitos editores vejam a Inteligência Artificial como um marco entre as tecnologias novas e emergentes: mais de dois terços (69%) disseram que a IA teria o maior impacto nos seus negócios nos próximos dois a três anos. Outras tecnologias que os editores seguem de perto incluem 5G (28%) e o Metaverso (16%).

Quanto à evolução futura do modelo de negócios, os editores esperam que a diversificação continue rapidamente, antecipando que novos fluxos de receita se tornarão uma parte ainda maior da sua estrutura de receita. Os entrevistados prevêem que quase 24% de sua receita total virá de fontes de publicidade e não dos leitores nos próximos 12 meses.

Na categoria de novos fluxos de receita, os eventos continuam a ser a área mais importante, com cerca de um terço dos entrevistados em países desenvolvidos e em desenvolvimento destacando-a como uma actividade de foco no futuro próximo. O E-commerce, parcerias de plataforma e modelos de associação seguem como novos fluxos de receita nos quais os editores esperam concentrar-se nos próximos 12 meses.