O Reuters Institute publicou um novo relatório que analisa o consumo de notícias sobre mudanças climáticas em oito países – Brasil, França, Alemanha, Índia, Japão, Paquistão, Reino Unido e EUA – e que revelou tendências e atitudes relevantes. 

Quais foram as principais conclusões do estudo?

- Aumento ligeiro no consumo de notícias: Em média, mais da metade (55%) dos entrevistados nos oito países relataram ter consumido notícias sobre mudanças climáticas na semana anterior.

- Os cientistas continuam a ser as fontes mais fiáveis de notícias e informações sobre alterações climáticas: Os cientistas têm a confiança de 73% dos inquiridos, em média, que os veem mais frequentemente a serem utilizados como fontes nos meios de comunicação social do que qualquer outra fonte de informação.

- Evitamento de notícias sobre clima e confiança mantêm-se estáveis: O evitamento de notícias climáticas e a confiança nas informações sobre o clima provenientes dos meios de comunicação social mantiveram-se praticamente estáveis. Contudo, o evitamento diminuiu ligeiramente no Reino Unido, nos EUA e no Paquistão, bem como a confiança no Reino Unido e na Alemanha.

- Preocupação com desinformação é elevada: Mais de três quartos (80%) dos inquiridos afirmam estar preocupados com a desinformação sobre as alterações climáticas, o que é coerente com os dados de 2022.

- TV e internet são locais com mais desinformação climática: Os inquiridos consideram que a televisão e a Internet (incluindo as redes sociais e as aplicações de mensagens) são os locais onde veem mais desinformação relacionada com o clima. Políticos, partidos políticos e governos também são frequentemente mencionados como fontes de informações falsas e enganosas.

- Papel dos média na influência das decisões sobre alterações climáticos é decisivo: Quase dois terços dos inquiridos acreditam que os meios de comunicação social desempenham um papel significativo na influência das decisões sobre as alterações climáticas, nas acções das grandes empresas, nas políticas governamentais e nas atitudes do público, com crenças particularmente fortes no Brasil, na Índia e no Paquistão.

- Alterações climáticas afectam as pessoas actualmente: O relatório aponta uma grande variação na forma como os inquiridos pensam que as pessoas no seu país irão enfrentar os graves efeitos das alterações climáticas, com proporções significativas em todos os países a pensarem que as consequências estão, pelo menos, a décadas de distância. No entanto, as pessoas que utilizam semanalmente notícias sobre as alterações climáticas têm uma probabilidade consideravelmente maior de pensar que as pessoas estão a ser afectadas pelas alterações climáticas agora.

- Existem diferentes percepções do impacto das alterações climáticas: Existem disparidades significativas nas percepções do impacto das alterações climáticas na saúde pública, especificamente, com os inquiridos dos países do Sul (Brasil, Índia, Paquistão) a percepcionarem geralmente consequências maiores (50% ou mais) do que os do Norte (Reino Unido, EUA, França, Alemanha, Japão).

- Maioria acredita que alterações climáticas têm maior impacto entre mais pobres: Pouco mais de metade dos inquiridos pensa que as alterações climáticas têm um efeito maior nas pessoas mais pobres (53%) e nos países mais pobres (52%), mas há um desacordo partidário considerável sobre esta questão em França, no Reino Unido e nos EUA, sendo menos provável que os que se inclinam para a direita concordem. É mais provável que as pessoas pensem que os países mais ricos e os países mais poluentes devem assumir uma maior responsabilidade pela redução das alterações climáticas, e os leitores de notícias sobre alterações climáticas são mais propensos a ter esta opinião.

- No Reino Unido, nos EUA, na Alemanha e em França, as opiniões dividem-se de forma equilibrada quanto ao facto de as acções directas de protesto contra as alterações climáticas (por exemplo, bloquear estradas, perturbar eventos desportivos) serem cobertas de forma justa pelos meios de comunicação social. Mas na Alemanha, no Reino Unido e nos EUA, a opinião varia consoante as pessoas apoiem ou se oponham aos protestos.

- Elevado nível de interesse em vários tipos de cobertura sobre o clima: As pessoas inquiridas no nosso inquérito manifestaram um elevado nível de interesse em vários tipos de cobertura sobre o clima, incluindo notícias que discutem os últimos desenvolvimentos, notícias positivas e cobertura que apresenta soluções. As pessoas não expressaram uma preferência clara pelo tipo de jornalismo de soluções que mais lhes interessa. 

O relatório oferece uma visão crucial sobre como o público global consome e percebe as notícias relacionadas às mudanças climáticas, destacando a importância dos média na formação de opinião e conscientização sobre este tema urgente.