A autora do relatório, a investigadora Julie Posetti, estudou os desafios e os obstáculos da inovação no jornalismo, como estão a ser enfrentados, tanto pelos meios de comunicação tradicionais, como pelos “nativos digitais”. A sua observação é que os grandes meios tradicionais, de alcance global, sentem agora a necessidade de “abrandar”, e pensar de um modo mais estratégico  - o que não é tão fácil para os “nativos digitais” de menor dimensão, estes mais dependentes da inovação. 

Segundo o relatório, vários dos participantes argumentaram que a inovação está a distrair o jornalismo dos seus objectivos de fundo. 

“A 'síndrome dos brinquedos novos' desvia-nos da narrativa, e corremos o risco de esquecer aquilo que somos; esse é o maior desafio”  - afirmou Kim Bui, jornalista do diário The Arizona Republic

Outra participante, Maria Ressa, directora do Rappler.com, das Filipinas, advertiu sobre o risco de uma excessiva dependência das plataformas: 

“O motivo pelo qual o oxigénio foi sugado das nossas empresas é porque foi todo para a distribuição, e nada para o conteúdo. De que modo vamos redefinir isto, de modo a que as plataformas não nos devorem vivos?” 

Julie Posetti comenta ainda que alguns dos mais proeminentes líderes digitais estão a despertar para a consciência das “consequências indesejadas” da inovação tecnológica sobre o jornalismo  -  entre elas os ataques online visando as mulheres jornalistas, a desinformação “viral” e os riscos de segurança que colocam, aos jornalistas e às suas fontes, as brechas de privacidade incluídas na tecnologia digital.

 

O artigo aqui citado, no European Journalism Observatory, e o relatório do Reuters Institute, em PDF. Mais informação no NiemanLab