Este crescimento é mais elevado nos jornais anglo-americanos do que no Süddeutsche Zeitung, mas a tendência também se verifica neste último. O Twitter, apesar de ter uma base de utentes muito menor em todos os países, é mais popular do que o Facebook. 

O texto de apresentação, que citamos, admite que não se conhecem bem as razões para o aumento verificado, mas que vários factores podem estar envolvidos: 

“Os jornalistas mais jovens têm mais afinidade com este meio e, nos últimos anos, os gabinetes editoriais têm estado a profissionalizar a sua actividade junto das redes sociais. A crise dos modelos de negócio dos jornais  - com menos tempo para investigação e o fecho de agências -  podem estar a favorecer o recurso às redes sociais, assim como o faz um número crescente de fontes potenciais, com as celebridades, os desportistas e os políticos a utilizarem, todos eles,  as redes sociais, em alguns casos de modo excessivo.” 

“Especialmente no caso do Twitter, é possível verificar que o aumento de referências [decorre], acima de tudo, do aumento das fontes de elite citadas. Este suposto meio das massas é, essencialmente, um megafone para aqueles que já ocupavam os títulos na era pré-digital.” 

“Isto atrai os jornalistas, cuja presença, por sua vez, faz disparar a afluência de mais elites  -  e a plataforma acaba por se tornar um campo de gravidade irresistível para qualquer pessoa que procure atenção dos meios de massa, incluindo propagandistas e os interessados em teorias de conspiração.” (...) 

Sobre a questão do impacto deste uso na qualidade do jornalismo, deve ficar claro que é necessário ter cautela quando se recorre às redes sociais como meio de investigação. 

Um outro estudo, de Sascha Hölig, aponta duas tendências correntes: por um lado, a crítica cada vez mais veemente feita aos jornalistas por terem perdido contacto com a vida das pessoas vulgares; por outro, o uso generalizado do Twitter entre jornalistas e políticos como “um meio de investigação e barómetro informal da opinião publica”. (...) 

Outros estudos vão mais longe e identificam o Twitter como “reflectindo uma imagem distorcida da realidade”. (...) 

As plataformas e o jornalismo envolvem-se a níveis diferentes. “Do ponto de vista do jornalismo, é um abraço de frenemies, como Emily Bell descreve estes intermediários: amigos e inimigos num só. Para preservar a sua independência e permanecer sensível à realidade social, o jornalismo deve guardar distância  - em todas as direcções.”

 

O artigo aqui citado, na íntegra, no European Journalism Observatory.  O texto completo do estudo.