O jornalismo digital em 2019 entre as assinaturas e o mecenato…

Nic Newman, o principal autor do relatório, afirma que 2019 “será o ano em que a regulação das plataformas vai começar a ‘morder’, no seguimento da crescente preocupação com a desinformação, a privacidade e o poder do mercado”:
“Entretanto, a divulgação de conteúdos falsos, enganosos e extremistas vai continuar a fragilizar democracias por todo o mundo, com provável incidência em eleições polarizadas na Índia, na Indonésia e na Europa.”
“O jornalismo vai continuar a ser ferido por abalos estruturais que já levaram a quebras significativas das receitas da publicidade. Os editores estão a voltar-se para as assinaturas, para fazerem a diferença, mas os limites deste caminho vão tornar-se visíveis em 2019. Tudo junto, estas tendências vão provavelmente conduzir à maior vaga de despedimentos no jornalismo desde há anos, enfraquecendo ainda mais a capacidade de chamar à responsabilidade políticos populistas e poderosos dirigentes económicos.” (...)
Segundo Ben de Pear, editor do Channel4 News, no Reino Unido, “vai ser um ano crucial, em que as plataformas das redes sociais vão ter de provar que se preocupam com a verdade e com o financiamento de um jornalismo sério, ou então serem obrigadas a fazê-lo por medidas regulatórias”.
Entre outras previsões destacadas neste relatório, afirma-se que vai haver mais interesse em indicadores de confiança para validarem as notícias, tais como news nutrition labels que possam ajudar os consumidores a decidirem o quê e em quem podem confiar.
As grandes plataformas estão a tomar as suas próprias medidas contra a desinformação, mas esta está a deslocar-se para redes fechadas e grupos comunitários, tornando-se mais difícil de controlar.
Um jornalismo mais reflexivo (slow news) emerge, com novas empresas de media como a Tortoise [Tartaruga], do Reino Unido, ou o jornal holandês De Correspondent expandindo-se para os Estados Unidos. “São vistos como um antídoto à actual fartura de um noticiário rápido, ligeiro e reactivo. Mas quantos irão aderir a ele - e pagá-lo?”
“O crescimento das paywalls está a afastar mais pessoas de um jornalismo de qualidade, e a tornar mais difícil a navegação na Internet. Vai aumentar, este ano, a irritação dos consumidores, conduzindo a uma combinação de maior afastamento das notícias e à adopção de software de bloqueio das paywalls.” (...)
A apresentação e o relatório do Reuters Institute, em PDF