A família da jornalista assassinada, Daphne Caruana Galizia, condena os atrasos na apresentação de Yorgen Fenech a julgamento após a sua detenção em 2019, avança o The Guardian. 

O crime aconteceu em 2017. Caruana Galizia foi morta por um carro armadilhado que explodiu quando saía de casa em Bidnija, Malta. Segundo o The Guardian, “o caso envolveu o partido no poder num escândalo e em acusações de encobrimento”. 

O empresário milionário é um dos sete homens que admitiram ou foram acusados de ligação com o assassinato. Yorgen Fenech foi detido em Novembro de 2019, tendo negado as acusações. Com os atrasos na apresentação do caso a um júri, os advogados conseguiram assegurar a fiança. Fenech e a sua família prometeram mais de 50 milhões de euros em dinheiro e acções como garantia da sua libertação. Foi recentemente libertado “sem que tenha sido marcada uma data para o seu julgamento”. 

Os atrasos no processo foram condenados pelos familiares de Caruana Galizia, que afirmaram que “a explosão da bomba que a matou foi um aviso: o sistema judicial está a falhar com as vítimas. Embora ninguém possa ser mantido na prisão sem julgamento indefinidamente, os julgamentos podem e devem ser concluídos antes que a fiança se torne uma preocupação. Os arguidos, os procuradores e os tribunais não devem ser autorizados a prolongar os processos durante anos.” 

O jornal explica que “até à data, nenhum dos acusados foi levado a julgamento. Dois irmãos declararam-se culpados de terem colocado a bomba e foram condenados a 40 anos de prisão. O seu cúmplice foi condenado a uma pena reduzida depois de ter admitido a sua culpa e de ter fornecido provas para a acusação. Dois dos homens acusados de fornecer a bomba estão detidos a aguardar julgamento”.  

Roberta Metsola, presidente do Parlamento Europeu e eurodeputada por Malta, reagiu aos atrasos no julgamento através de uma publicação no Facebook: “Um sistema que obriga os acusados dos crimes mais hediondos a saírem da prisão sob fiança porque o seu julgamento por júri demorou mais de meia década a começar é um sistema que está avariado. É um sistema que não consegue fazer justiça”.  

O Primeiro-Ministro de Malta, Robert Abela, disse compreender a dor da família, mas rejeitou as sugestões de que o governo poderia ter feito mais. Abela afirmou recentemente que o atraso se deveu aos processos constitucionais e às audiências preliminares apresentadas por Fenech, bem como aos pedidos da acusação e da família, como o anonimato das fontes de Caruana Galizia.  

Nas suas reportagens, Daphne Caruana Galizia visava o então Primeiro-Ministro trabalhista de Malta, Joseph Muscat, e os seus ministros. Em 2019, foi forçado a demitir-se, mas o seu partido venceu as eleições gerais de 2022 e mantém-se no poder desde então. “A jornalista estava estreitamente associada ao partido nacionalista da oposição e a luta para levar os seus assassinos à justiça tem sido dificultada por conflitos políticos”, conclui o The Guardian.

(Créditos da imagem: Darrin Zammit Lupi/Reuters no The Guardian)