Antes de tudo mais, Pedro Simón confessa a sua satisfação porque este prémio é atribuído pelos companheiros de profissão sem se ter candidatado a ele. E se os prémios têm alguma coisa boa, diz ele, “é que nos permitem continuar a fazer o que fazemos, e que os editores continuem a confiar em nós, e a ter paciência, e a investir recursos nas reportagens que fazemos”... 

Sobre a revolução tecnológica em curso, exprime as suas críticas e as suas esperanças:

“Aquilo que um meio de comunicação escrito [tradicional] sabe fazer bem é trabalhar com a palavra. Não podemos esquecer-nos disto. Não podemos fazer uma televisão pela Internet, porque fazem-no melhor os que se dedicam a isso.” (...) 

“Quero pensar que, depois de toda esta obsessão pelo imediato e pelo clic fácil, chegaremos a um estuário de águas tranquilas onde possamos voltar a cozinhar reportagens em lume brando.” (...)

 

O prémio foi-lhe atribuído fazendo referência à sua vocação assumida pelo jornalismo de temas sociais. Sendo-lhe perguntado se continua a haver bom jornalismo, em Espanha, neste campo, Pedro Simón cita vários exemplos afirmativos, nomeadamente o do El Mundo, agora dirigido por David Jiménez, mas conta:

 

“Um director disse-me uma vez que os pobres não compram jornais. Creio que as pessoas também estão cansadas de más notícias. Tenho amigos que me dizem  – ‘quando vejo a tua assinatura já não te leio’ -  porque sabem que lhes vou contar uma história dura. Mas eu creio que, se há uma ferida, há uma reportagem.” (...) 

Ele próprio, confessa Pedro Simón, não costuma ler muitas reportagens de temas sociais, porque se sente saturado:

“Preciso de ler outras coisas, mas a matéria-prima que me dá gosto contar tem a ver com isso. É necessário que alguém a conte. No outro dia, dizia-me David Jiménez: ‘só me trazes histórias tristes’. E eu respondi: ‘Sim, mas alguém tem que as trazer’.” (...) 

Sobre os princípios do ofício, Pedro Simón conclui:

“ (...)  Eu não poderia viver sem a tecnologia, sem a Internet, sem o telemóvel, mas o jornalismo vai por outro caminho, que tem a ver com saber contar uma história, e fazê-lo de modo decente.”

 

A entrevista, na íntegra, no site da APM, a que pertence a imagem utilizada, de Elena Hidalgo