É patente que Trump detesta ser alvo de críticas. Os seus advogados já intentaram processos judiciais contra prestigiados “media” americanos. Mas a campanha contra a liberdade de expressão tem limites na sociedade americana – Trump não ganha sempre.

Trump não ganhou o Prémio Nobel da Paz, atribuído este ano à venezuelana Maria Corina Machado. É possível que para Trump ter sido afastado do Nobel da Paz de 2025 tenha contribuído não apenas a sua própria e insistente propaganda sobre as suas alegadas e “maravilhosas” qualidades de estadista, como também as frequentes notícias de iniciativas tendentes a limitar a liberdade de expressão nos EUA.

É patente que Trump detesta ser alvo de críticas. Os seus advogados já intentaram processos judiciais contra prestigiados “media” americanos, como o New York Times ou o Wall Street Journal. E Trump tem pessoalmente falado, a respeito de peças jornalísticas em canais de televisão nos EUA, na conveniência de retirar a licença de emissão a esses “faltosos”.

Recentemente tornou-se manifesto que Trump está a promover nos EUA uma estratégia para calar notícias e opiniões desfavoráveis usada na Hungria por Viktor Orbán: promover a compra dos “media” por amigos políticos, de maneira a evitar essas notícias e opiniões sem necessidade de recorrer à censura prévia.

Ora o semanário The Economist veio moderar os receios de que Trump venha a controlar os “media” nos EUA. “O presidente tenta suprimir os seus críticos. Não o vai conseguir”, assegura o Economist.   

O semanário britânico não ignora os esforços de Trump para “calar a boca” a quem ousa criticá-lo. Mas aponta limites ao sucesso de tais esforços. Por exemplo, quanto à estratégia de os seus amigos políticos comprarem os “media”, nota que o que V. Orbán logrou conseguir na Hungria só muito dificilmente será possível de acontecer nos EUA.  O Economist chama a atenção para as dificuldades de controlar os jornalistas no muito maior universo mediático dos EUA. Um universo que é também extremamente fragmentado na América.

O recente caso do despedimento do apresentador de televisão Jimmy Kimmel é significativo. Seis dias depois do seu despedimento, o apresentador regressou ao écran com o seu programa “Jimmy Kimmel Live!”. Furioso, o Presidente americano acusou a emissora ABC, responsável pelo “talk-show”, de fazer propaganda para o Partido Democrata...

Em suma, na sua “guerra” contra a informação livre, Trump não ganha sempre. Já é qualquer coisa.

*Jornalista