Trump é um autocrata e por isso não gosta de jornalistas. E tem uma visão negativa do jornalismo. "Temos de endireitar a Imprensa”, diz Trump, que já considerou os jornalistas “inimigos do povo”.

Daí decorrem restrições à atividade profissional dos jornalistas, a mais recente das quais obriga a acompanhar jornalistas nas suas visitas ao “Pentágono”, edifício em Washington onde se situa o ministério da defesa dos EUA.

Com Trump na Casa Branca multiplicam-se os processos contra jornalistas e empresas de “media”. Não é que Trump vença a maior parte desses processos judiciais; ele pretende dificultar a vida aos jornalistas, por isso os seus advogados prolongam o mais que podem os processos, degastando os visados.

Há muitas maneiras de controlar a atividade dos jornalistas. A mais drástica, a censura prévia, vigorou entre nós durante quase todo o regime derrubado em 25 de Abril.

Viktor Orbán, o autocrata que manda na Hungria, desenvolveu um sistema que lhe permite não recorrer à censura: Orbán colocou os seus amigos políticos à frente dos principais “media”. Esses amigos tratam de afastar dos órgãos de informação que comandam notícias e opiniões que desagradem ao regime.

Os autocratas também não eliminam as eleições. Só que, como aconteceu em Portugal, essas eleições não são livres nem justas.

Nos EUA tem sido frequente um novo traçado geográfico dos locais de voto e a imposição de restrições aos eleitores que não sejam “de confiança” – ou seja, de eleitores que possam votar contra o homem forte que manda no país.

Os EUA são um país onde a democracia vigorou desde a independência. Trump não se dá bem com as liberdades democráticas, como a liberdade de informar e de ser informado. Veremos até onde irão os estragos promovidos por Trump.