O que é o”Cord-Cutting”?
Nos Estados Unidos o número de lares que abandonou serviços de cabo cresce a um ritmo exponencial, na Europa é mais reduzido – mas por exemplo em Portugal, este ano, e apenas com o Netflix e YouTube como principais players no país, as estimativas apontam, em alguns fins de semana, para valores que se estimam próximos dos 12% do total de espectadores de televisão. E o tempo médio de visionamento da Netflix em Portugal tem sempre vindo a aumentar.
Sinal dos tempos: este ano o Festival de Veneza abriu as portas a filmes produzidos e exibidos em estreia na Netflix – um movimento inédito entre os grandes festivais de cinema, que só aceitavam filmes produzidos para salas de cinema ; Cannes havia recusado aceitar produções de plataformas de streaming e esta decisão do prestigiado festival de Veneza vem modificar. Mais conhecidas pela produção de séries e documenários, o território pioneiro das plataformas de streaming, aos poucos começam a surgir produções de filmes que optam por não estrear em salas de cinema.
De facto a exibição de “Roma”, do mexicano Alfonso Cuarón, foi o grande destaque da abertura do 75º Festival de Veneza, marcando a estreia da Netflix na competição. A empresa está no centro da polêmica entre o streaming pela TV e os festivais de cinema. Excluída de Cannes por não lançar seus filmes em salas de cinema, ela tem outros seis títulos espalhados pelas seções do certame italiano, entre eles dois candidatos ao Leão de Ouro: “The Ballad of Buster Scruggs”, de Ethan e Joel Coen, e “22 July”, de Paul Greengrass. “Roma” não tem elenco internacional, foi filmado em preto e branco e é falado em espanhol. É um tipo de projeto que teria enormes dificuldades para encontrar espaço no mercado – defendeu o diretor mexicano, elogiando a atitude da Netflix.
A Amazon entretanto começou no terreno das grandes produções – entre as quais se destaca uma série sobre os derradeiros czares, os Romannoff. A Netflix não perdeu tempo e criou uma série documental, e não de ficção, em torno do mesmo tema. Tudo isto vai acelerar a transição de mais espectadores para o streaming – e esse movimento vai rapidamente ser relevante na Europa.
Claro que isto coloca um grande desafio: com a diminuição dos espectadores em televisão tradicional a publicidade tem que pensar em novos caminhos.
O IMPACTO DO COMÉRCIO ELECTRONICO NA INDUSTRIA DO PAPEL
Nos últimos anos a digitalização de muita documentação e os esforços nas empresas para diminuir o impacto da utilização do papel vieram colocar à indústria papeleira a questão de encontrar produtos alternativos. Na Finlândia, um dos maiores produtores mundiais de pasta de papel, a solução encontrada foi fazer a transição para a produção de cartão de embalagem.
Porquê? – Porque o incremento do comércio eléctrónico fez aumentar a procura por embalagens feitas de cartão – nalguns casos com a procura a superar a oferta.
Mas, além disso, constatando que na área do comércio electrónico os produtos de luxo – roupas, acessórios, cosmética – começavam a ganhar um peso considerável, a indústria finladesa, incorporou no seu processo uma área de design que, em colaboração com algumas marcas, está a criar embalagens exclusivas no formato e no tipo de tratamento gráfico que podem suportar. Aqui está um caso em que o desenvolvimento da nova economia digital abriu uma oportunidade de reconversão a uma indústria tradicional.
COMO VÃO AS AUDIÊNCIAS DOS CANAIS DE TELEVISÃO
A resposta a esta pergunta só pode ser uma: as audiências não estão famosas. Vamos aos números obtidos até final de Agosto. A RTP1 começou o ano com um share de 12% e em Agosto obteve 10,8%; na RTP 2 a variação é de 2,5% para 1,7%, enquanto na SIC foi de 16,7% para 14,8% e na TVI de 20,6% para 18,4% - portanto todos os canais de sinal aberto perderam share de audiência nos primeiros oito meses do ano.
No cabo a coisa já não é assim: a CMTV cresceu dos 2,9 iniciais para os 3,5% actuais, a Sic Notícias foi de 1,8% para 2%, a TVI24 passou de 1,6% para 1,9% e a Globo deu o salto de 1.8% para 2,3%.
O cabo é liderado claramente pela CMTV, normalmente seguido pela Globo e depois, alternadamente, pelo Disney Channel ou o Hollywood. Nas séries, a Fox está na liderança.