Belmiro de Azevedo e a independência
Em 1990 surgiu, por iniciativa de destacados jornalistas, um diário que iria dar um impulso decisivo à melhoria da qualidade da Imprensa nacional: o Público. Mas esse grupo de jornalistas precisava de apoio empresarial – por isso recorreu a Belmiro de Azevedo, que aceitou.
Ao contrário do que tantas vezes se vê, em Portugal e no mundo, o proprietário do Público jamais interferiu na linha editorial do seu jornal. Posso testemunhá-lo pessoalmente, não apenas como leitor do Público desde o primeiro número, mas também como director que fui daquele jornal durante breves meses – mas que chegaram para confirmar a nula interferência editorial do seu proprietário.
Creio que esta era uma atitude inteligente de Belmiro de Azevedo. Percebeu que, para o seu jornal ter prestígio e autoridade – como aconteceu -, precisava de o livrar de quaisquer suspeitas de ser um instrumento para os fins empresariais, ou outros, do seu proprietário. Portugal deve a Belmiro de Azevedo ter tantos anos financiado um jornal como o Público, sem dele se servir para os seus negócios.