Barcelona tem poucos correspondentes da Imprensa internacional a viverem na cidade. Por isso muitos órgãos da comunicação social, nomeadamente portuguesa, mandaram para a Catalunha enviados especiais, a maioria dos quais não possuía grandes conhecimentos nem contactos sobre a questão da independência.

E como os catalães contrários à independência se mantiveram longo tempo em silêncio, evitando até sair à rua, os jornalistas recorriam sobretudo a fontes independentistas. Daí um certo enviesamento pró-independência em numerosas peças escritas e televisivas.

 

Por exemplo, a certa altura falou-se em mais de 900 feridos pela polícia nacional, quando tentavam votar. Que eu saiba quase ninguém tentou controlar esse número. Nem houve informações sobre o estado de saúde de quatro supostos feridos graves. Parece que a gravidade não foi tanta como isso.

 

Não faltaram peças jornalísticas tomando a parte pelo todo: falavam da aspiração à independência da Catalunha como se esse fosse o sentimento geral na região. Ora ele não é sequer maioritário, embora a maioria dos catalães queira votar num referendo legal sobre a questão, o que implica uma revisão constitucional em Espanha.

 

De um modo geral, na minha opinião os jornalistas estrangeiros não fizeram uma cobertura equilibrada dos acontecimentos na Catalunha. Como, infelizmente, esses acontecimentos ainda não cessaram, espera-se que a comunicação social internacional – isto é, não espanhola, pois a maioria desta tomou há muito partido – promova no futuro uma informação equilibrada e séria.